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Cresce número de animais abandonados em Fortaleza (CE)

5 de dezembro de 2011
3 min. de leitura
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No Parque Manibura, cadelas deram cria em áreas públicas e são mantidas por populares, como o porteiro Edvar Freitas. Foto: Alex Costa

Doenças e morte prematura são o triste futuro dos animais que vivem abandonados nos espaços públicos. Em Fortaleza, não há como mensurar a quantidade de cães e gatos sem família. Porém, em um rápido passeio por ruas e praças da cidade, é possível perceber a gravidade desse problema, que representa riscos tanto para a saúde animal quanto para a humana.
Em agosto de 2008, o Ministério Público do Estado do Ceará notificou a Prefeitura de Fortaleza a fim de proibir a prática da eutanásia em cães e gatos saudáveis. Na época, o órgão também recomendou que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) criasse políticas para castração e adoção desses animais, o que ainda não foi posto em prática.
Na opinião da presidente da União Internacional Protetora dos Animais (Uipa), Geuza Leitão, a ausência dessas políticas públicas por parte da Prefeitura contribuiu para o aumento do número de animais nas ruas. “A situação tende a piorar, pois o poder público não vacina e nem esteriliza os cães e gatos que estão não ruas”, afirma.
Conforme Geuza, na Capital, existe apenas um abrigo para esses animais abandonados, localizado no bairro Siqueira e coordenado por voluntários. Ela informa que 185 cachorros e 50 gatos vivem no local, precário e mantido por doações. Poucas são as pessoas que procuram o abrigo para adotar um animal. “O abrigo está superlotado, muitos animais entram e poucos saem”, informa Geuza.
O médico-veterinário do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Fortaleza, Flávio Pinheiro, reconhece a ausência de métodos para evitar a proliferação dos animais que moram nas ruas, mas destaca a importância da posse responsável.
“Muitos decidem criar um cão ou um gato e não têm condições financeiras. O destino desses animais, então, é a rua”, comenta. Ele chama a atenção para as doenças transmitidas por esses animais. Calazar, raiva, verminoses e doenças de pele são alguns dos exemplos citados por Flávio. “Sem a captura, o que vemos é um efeito bola de neve”, ressalta o veterinário.
Filhotes
Esse efeito pode ser constatado em vários pontos da cidade. Na praça do Instituto de Prevenção à Desnutrição e à Excepcionalidade (Iprede), no Parque Manibura, uma cadela, batizada de Titanha pelos moradores, teve três filhotes. Há quase um ano ela vive pelos arredores da praça, sendo alimentada pela própria comunidade.
No mesmo bairro, no cruzamento das ruas João Alves Albuquerque e João Regino, em um terreno baldio, outra cadela deu cria a seis cachorrinhos. “A gente colocou o nome dela de Lulu. Faz duas semanas que os filhotes nasceram. Não falta quem dê comida a ela”, diz Edvar Freitas, 32 anos, porteiro de um condomínio vizinho.
Ato de amor
Há cerca de 1 ano e meio, a pequena Beatriz Sales Silva, estudante, ganhou um cachorrinho da raça teckel, presente especial dado pelo pai, o bancário Flávio da Silva, de 50 anos. O animal, que se chama Teco por conta da raça, foi adotado. Ontem, Beatriz passeava com o animal na praça do Iprede e observava, atentamente, os filhotinhos abandonados.
Para ela, as pessoas não deveriam jogar os animais nas ruas porque eles precisam de cuidados, como banho, alimento, vacina e carinho, o mais importante de todos na opinião da menina. “Já que eles não têm tutor, era bom que alguém adotasse os cachorrinhos”, comenta.
Fonte: Diário do Nordeste

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