Desde que a última compilação de mamíferos do mundo foi publicada, em 2005, com cerca de 5.400 espécies, 400 ou mais foram adicionadas à lista. “A maioria das pessoas não percebe isso”, explica Kristofer Helgen, curador da seção de mamíferos do Museu Nacional de História Natural do Instituto Smithsonian, “mas estamos exatamente no meio da era de descoberta de mamíferos”.
Como ele e outros biólogos bem sabem, estamos também no meio de uma grande destruição de espécies. Estimativas de extinção anual variam muito, mas a maioria dos pesquisadores concorda que, como resultado da destruição de hábitat, instabilidade climática, vazamento de pesticidas, lixo nos oceanos, espécies invasoras e outros efeitos “antropogênicos” no ambiente, a taxa de extinções está muitas vezes superior à peneira da natureza.
“Nossa melhor projeção é que essa taxa seja centenas de vezes superior”, diz John Robinson, vice-presidente executivo da Sociedade de Conservação da Vida Selvagem. “O problema é que só descrevemos cerca de 15% de todas as espécies da Terra, então a maioria do que está sendo extinto é formada por animais que ainda nem conhecemos”.
O número de novas espécies que os pesquisadores vêm revelando cresce dia a dia; mas o lado desconhecido também cresce: as criaturas que vêm desaparecendo rapidamente. A essa segunda estatística é preciso adicionar a “não mais conhecidas”, as espécies com nomes que conseguimos aniquilar, direta ou indiretamente, como o golfinho do Rio Yangtze, declarado funcionalmente extinto há dois anos, ou o pardal escuro americano, que cantou pela última vez em 1987.
Por mais contrários que possam parecer, os dois dados estão, sob muitos aspectos, entrelaçados. Um dos motivos pelos quais os cientistas estão descobrindo mais novas espécies hoje do que algumas décadas atrás é que locais antes impenetráveis foram abertos a diversos graus de desenvolvimento, permitindo que pesquisadores entrem e coletem amostras dessa abundância – antes que ela desapareça.
Porém, mesmo nossos mascotes mais queridos – os pandas e as baleias, por exemplo – permanecem um mistério. “Nós achamos que conhecemos muito bem os mamíferos”, diz Miller, “mas possuímos o tipo mais básico de informações sobre apenas 6% deles”.
Fonte: G1