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PERMAFROST

Crateras (e explosões) estranhas na Sibéria têm explicação, diz estudo

O surgimento aparentemente aleatório de crateras na Sibéria intriga cientistas desde 2012 – e um novo estudo propõe uma explicação

17 de janeiro de 2024
Pedro Spadoni
4 min. de leitura
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Foto: Staselnik | Wikimedia Commons

Crateras gigantescas têm aparecido no permafrost – solo congelado há anos – da Sibéria de forma aparentemente aleatória desde 2012. Isso intriga cientistas, claro. Agora, pesquisadores sugerem uma nova explicação sobre o que abre as crateras misteriosas.

Para quem tem pressa:

  • Cientistas propõe uma explicação para o aparecimento de crateras gigantescas no permafrost da Sibéria, fenômeno que tem ocorrido (e intrigado pesquisadores) desde 2012;
  • A hipótese, ainda não validada por revisão de pares científicos, foi publicada no servidor online EarthArXiv. Ela propõe que as crateras surgem em áreas específicas da Sibéria devido à liberação de gás natural, que causa explosões;
  • As crateras, que podem atingir 50 metros de profundidade e 20 metros de largura, surgem em uma região conhecida por suas reservas de gás natural. O autor principal do estudo, Helge Hellevang da Universidade de Oslo, relaciona o fenômeno ao enfraquecimento do permafrost devido às mudanças climáticas e ao aquecimento global;
  • Os pesquisadores acreditam que gás natural quente subindo através de falhas geológicas pode estar aquecendo e enfraquecendo o permafrost, levando ao colapso do solo e à formação das crateras.

Os cientistas propõe que gás natural, escapado de reservas subterrâneas, está por trás das explosões repentinas – que podem ser ouvidas a aproximadamente 100 quilômetros, segundo relatos publicados pelo Siberian Times.

A hipótese, publicada no servidor online EarthArXiv, pode explicar porque as crateras aparecem em áreas específicas na Sibéria. No entanto, a revisão de pares científicos ainda não validou o artigo.

Crateras misteriosas na Sibéria

O tamanho das crateras impressiona. Elas podem alcançar cerca de 50 metros de profundidade e 20 metros de largura. Além disso, as explosões repentina lançam detritos a mais de 60 metros de distância.

A área é conhecida por suas vastas reservas subterrâneas de gás natural, disse o autor principal do estudo, Helge Hellevang, professor de geociências ambientais na Universidade de Oslo, na Noruega, ao Business Insider. “Quando mudanças climáticas ou o aquecimento da atmosfera enfraquecem outra parte do permafrost, você obtém essas erupções – apenas na Sibéria.”

O permafrost aprisiona muito material orgânico. À medida que as temperaturas sobem, ele descongela. Com isso, o material se decompõe, o que libera metano. E o vazamento desse metano, a partir do próprio permafrost, estaria por trás (ou seria por baixo?) das crateras.

A ideia não é absurda. É o processo, por exemplo, por trás de termocarstos, lagos que aparecem em áreas onde o permafrost derrete. Esses lagos borbulham com metano – e podem ser incendiados. No entanto, isso não explica por que as tais crateras são tão localizadas.

Hipótese dos pesquisadores

Até agora, apenas oito dessas crateras foram identificadas. Todas ficam numa área muito específica: as penínsulas de Yamal e Gydan, na Sibéria Ocidental, no norte da Rússia. Em contraste, os “lagos explosivos” aparecem numa grande variedade de áreas com permafrost, incluindo o Canadá.

Hellevang e seus colegas sugerem que há outro mecanismo em jogo: gás natural quente. Ele sobe por meio de algum tipo de falha geológica, se acumula sob a camada congelada do solo e aquece o permafrost por baixo. Essas plumas de gás quente ajudariam a descongelar o permafrost de baixo para cima, tornando-o mais fraco e mais propenso a colapsar.

O aumento das temperaturas derrete a camada superior do permafrost ao mesmo tempo. Isso cria as condições perfeitas para que o gás seja libertado repentinamente, desencadeando uma explosão ou um “colapso mecânico” causado pelo gás, que está sob pressão. Isso cria a cratera, segundo Hellevang e colegas.

De acordo com o modelo proposto pelo cientista, mais dessas crateras podem ter sido criadas e desapareceram à medida que água e solo caíram para preencher a lacuna. “Se você olhar para a imagem de satélite da Península de Yamal, há milhares dessas depressões redondas em forma de placa. A maioria ou todas elas poderiam ter sido termocarstos, mas também poderiam ser crateras anteriores que se formaram”, disse Hellevang.

Fonte: Olhar Digital

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