No último domingo (19), o coletivo Vozes em Luto realizou o Manifesto Pandemias na capital paulista, com o objetivo de conscientizar a população sobre a relação entre o surgimento de doenças zoonóticas e a criação de animais para consumo.
“Tanto práticas primitivas de consumo e criação animal (ebola e HIV provavelmente tiveram origem na caça de morcegos e macacos) quanto as mais modernas, como os sistemas intensivos [da agropecuária], favoreceram o surto de H1N1 e covid-19.
O Vozes em Luto reforça que o surgimento do novo coronavírus, por exemplo, mostra até que ponto o consumo de animais pode ser prejudicial à população mundial, já que as consequências são devastadoras.
“O surgimento do atual vírus global vem para mostrar à humanidade que passamos do limite, nos tornamos bestas em nome da gula, do sadismo e da ganância, e por isso retrocedemos”, avalia.
E acrescenta: “O Manifesto Pandemias será um ato fixo, independente de estarmos ou não vivendo uma pandemia, porque é preciso alertar a sociedade sobre a conexão dos fatos, para que uma próxima doença de proporções globais seja evitada. Conecte-se ao veganismo, pelos animais e pelo planeta.”
Como a agropecuária favorece doenças zoonóticas
Vale lembrar que a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou este mês um relatório afirmando que entre as tendências que favorecem pandemias a partir de doenças zoonóticas, ou seja, entre animais e humanos, estão a crescente demanda por proteína animal, a expansão da agropecuária, o aumento da exploração da vida silvestre e a crise climática.
Segundo a publicação, a crescente demanda por alimentos de origem animal estimula a intensificação e industrialização da produção animal. Com isso, quanto mais a agropecuária cria e confina animais com o mesmo perfil genético, e próximos uns dos outros, mais se tornam suscetíveis a contrair e disseminar novas doenças.
“Animais domésticos estão sendo mantidos em estreita proximidade e, muitas vezes, abaixo da condição ideal. Essas populações hospedeiras geneticamente homogêneas são mais vulneráveis às infecções do que aquelas geneticamente diversas”, informa o relatório “Prevenir a Próxima Pandemia: Doenças Zoonóticas e Como Quebrar a Cadeia de Transmissão”.
O relatório de 82 páginas afirma que com a expansão da agropecuária a partir da década de 1940, fortalecendo os sistemas de criação intensiva, houve ampliação do número de doenças infecciosas zoonóticas em mais de 50%.
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