(da Redação)
Atualmente, a maioria das pessoas sabe que o couro utilizado para vestuário é obtido mediante o sofrimento excruciante dos animais, muitas vezes esfolados vivos. A produção do couro também é nociva ao meio ambiente e à saúde dos seres humanos. Marcas de vestuário de luxo sabem que tal fato já é de domínio público, e por isso estão tentando lançar uma nova tendência: o couro de peixes, baseando-se nas alegações de que é mais saudável e de que peixes não sentem dor. As informações são da Care2.
Marcas como Prada e Dior estão entre as que promovem a ideia. Segundo a reportagem, elas buscam convencer os seus clientes de que essa é a próxima febre da moda, comercializada a um preço exorbitante.
Na verdade, essa suposta nova tendência nada mais é que sobras de pele de peixes que foram criados originalmente para o mercado de consumo para alimentação. Conforme reportagem do The Guardian, o “couro de peixes” não é algo novo e, ironicamente, foi usado no passado pelas pessoas mais pobres. Além do preço baixo, o couro de peixes tem outras características que o tornam interessante para a indústria: primeiramente, os compradores não precisam comprar a pele do corpo todo de uma vaca como ocorre no mercado de couro de bovinos, e com isso ele pode ser usado para a produção de acessórios menores, ou em menor escala; em segundo lugar, o material é macio, muito flexível, e é considerado “elegante”.
De acordo com o The Guardian, os curtumes de couro de peixe não expõem exatamente qual é o seu processo de operação, mas sabe-se que as peles têm de ficar submersas em produtos químicos por 30 dias.
Recentemente, o couro de peixes já teve a sua passagem como parte da matéria prima de alguns produtos de luxo, como capas para celulares iPhone e carteiras, além de sapatos e bolsas femininas. A longo prazo, esse tipo de couro não deverá alcançar o mesmo status do couro de bovinos, em termos de exploração comercial, mas aos poucos começa a se revelar como alternativa aceitável pela indústria, fazendo com que os peixes entrem na lista de espécies regularmente exploradas por esse mercado cruel.
Peixes sentem dor
Não há dúvidas de que as vacas esfoladas vivas por suas peles sentem dor, mas há uma crença disseminada de que os peixes não sentem o mesmo. A reportagem lembra, no entanto, uma experiência comprovando que os crustáceos sofrem de ansiedade, o que leva a concluir que os peixes também são dotados de sentimentos como ansiedade e dor.
Conforme relatado pelo Ballard News Tribune, em um protesto realizado na sede da empresa Icicle Seafoods, ativistas de direitos animais lembraram que a criação de peixes é outra forma de abuso animal. O grupo ativista contou que a Icicle mantém 500.000 peixes dentro de latas, nas quais eles mal têm espaço para se mover. “Os peixes são cortados no abdômen, e então têm as suas entranhas removidas e o tecido muscular fatiado enquanto ainda estão conscientes – alguns são esfolados vivos”, afirmam os manifestantes. Isso soa familiar quanto ao que acontece com outros animais.
Assim como foi mencionado acima, o processamento do couro dos peixes é igualmente danoso ao meio ambiente. Milhares de animais abarrotados sob condições desumanas, com uma dieta artificial, são uma receita para o acúmulo de poluição nos oceanos, bem como de doenças que podem afetar a vida selvagem marinha.
Dor e sofrimento não são algo luxuoso
O luxo não deveria ser sinônimo do ato de se infligir dor e sofrimento a outros seres sencientes, o que não é bom nem aos animais, nem ao planeta ou aos nossos corpos. Não há nada de nobre no couro de peixes – trata-se somente de crueldade, especialmente quando existem alternativas veganas ao couro animal como se encontram hoje com facilidade.