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DEBATE CIENTÍFICO

Corrigindo erros humanos: a fertilização in vitro é um caminho ético para salvar espécies ameaçadas?

27 de janeiro de 2024
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Ben Curtis/AP

NAjin e sua filha Fatu, os últimos rinocerontes brancos do norte vivos, permanecem como vestígios de uma linhagem ancestral funcionalmente extinta, datando de milhões de anos. Contudo, recentemente, os cientistas alcançaram um marco significativo ao realizar a primeira transferência bem-sucedida de embriões em uma espécie relacionada de rinoceronte-branco.

O propósito final deste projeto é reconstituir uma manada completa de rinocerontes-brancos-do-norte, utilizando um banco de óvulos, espermatozoides e embriões congelados, juntamente com tecnologias de edição genética. Embora a restauração de espécies extintas possa parecer uma ousadia tecnológica, a equipe por trás do projeto e outros argumentam que a fertilização in vitro e outras técnicas de reprodução assistida (ART) podem revolucionar os esforços de conservação em face das ameaças decorrentes das mudanças climáticas e da perda de habitat.

O professor Thomas Hildebrandt, chefe do projeto Rino BioRescue, enfatiza que a tecnologia não é uma tentativa de brincar de Deus, mas sim uma medida de preservação do que a natureza originalmente criou. Ele vê essas abordagens como um seguro tardio para espécies cruciais, como o rinoceronte-branco-do-norte, cuja extinção teria repercussões devastadoras nos ecossistemas.

Além do rinoceronte-branco-do-norte, outras espécies também estão sendo alvo de esforços de conservação usando fertilização in vitro. Por exemplo, no Parque Nacional de Yellowstone, a Dra. Jennifer Barfield está aplicando essa técnica para auxiliar na preservação dos bisões, vulneráveis à brucelose. A fertilização in vitro proporciona a produção de embriões saudáveis, evitando a propagação da doença.

Essas abordagens tecnológicas também se revelam úteis em jardins zoológicos, onde a fertilização in vitro e inseminação artificial são preferíveis a deslocar animais para propósitos de reprodução. Além disso, a diversidade genética pode tornar-se uma preocupação mesmo antes de uma espécie atingir níveis críticos, e as tecnologias ART funcionam como uma ponte genética entre populações isoladas.

Apesar do progresso promissor, é crucial destacar que a fertilização in vitro não substituirá integralmente a conservação de espécies. Hildebrandt observa que as espécies não se resumem apenas aos seus genes, e a presença de animais vivos é fundamental para a preservação integral de comportamentos e interações sociais. Enquanto a fertilização in vitro desempenha um papel valioso na preservação genética, é parte de um esforço mais amplo e urgente para redefinir nossa relação com a natureza.

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