A cidade de Jaguaribe, no interior do Ceará, está servindo de local para a prática de um crime ambiental, mas que atrai a participação dos moradores locais. Na manhã do último dia 21, um público variado disputou lugar no entorno de um campo de futebol de terra, na periferia da cidade, para assistir à “Fórmula Jegue”, uma corrida de jumentos.
Neste ano, o evento chegou à 7ª edição, com a participação de 12 competidores.
O idealizador da Fórmula Jegue, ex-vereador e líder comunitário, Antônio Pereira, mais conhecido por Antônio Baixinho, disse que a competição tem por objetivo “homenagear” o jumento e oferecer diversão para a comunidade. “O jegue é um animal que precisa ser lembrado e preservado porque faz parte da história do sertanejo”, defendeu. “Não há sofrimento nenhum”, afirma Antonio Baixinho. “Os animais são bem cuidados e não há açoites em excesso”.
A música “Apologia ao jumento”, composição de Luiz Gonzaga e José Clementino, ressalta a ideia de que o animal é irmão de todos. Diz a composição que o jegue ajudou na construção de açudes, no transporte de água e relembra o fato bíblico que o transporte do menino Jesus na fuga para o Egito foi em um jumento.
Uipa aciona Ministério Público para processar organizadores
Por mais que a corrida de jumentos já tenha acontecido, a presidente da União Internacional Protetora dos Animais, Geuza Leitão, informou que vai solicitar, mesmo assim, junto ao Ministério Público, um processo contra os organizadores do evento. Isso porque a legislação federal proíbe o uso de animais para esta finalidade.
De acordo com o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais 9.605/1998, fica estabelecida a pena de três meses a um ano de prisão às pessoas que tenham abusado, ferido, maltratado ou mutilado animais silvestres, domésticos, domesticados, nativos ou exóticos. Já o Decreto Federal 6.514/2008, reforça a legislação no sentido de que será estipulada multa de R$ 500 a R$ 3 mil por cada animal.
“Já impedi mais de 100 corridas de jumentos nos 20 anos em que presido a Uipa. Com as provas, envio documento à promotora de Justiça, Sheila Pitombeira, e faço um requerimento. O promotor do município terá a obrigação de processar os organizadores envolvidos”, diz.
Mais informações
União Internacional Protetora dos Animais (Uipa)
(85) 3261.3330
(85) 9994.4552
Com informações de Diário do Nordeste