Uma das principais correntes oceânicas do planeta, o Giro Subpolar do Atlântico Norte, está se enfraquecendo a ponto de entrar em colapso total devido ao avanço das mudanças climáticas, segundo um novo estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido.
De acordo com o jornal inglês Daily Mail, o sistema, localizado ao sul da Groenlândia, é responsável por transportar calor dos trópicos para o Atlântico Norte, regulando as temperaturas da Europa e da América do Norte. Cientistas afirmam que o enfraquecimento da corrente pode levar o planeta a um “ponto crítico”, com mudanças bruscas e imprevisíveis no clima global.
A análise mostra que o Giro Subpolar vem perdendo estabilidade desde a década de 1950, aproximando-se de um colapso que, se confirmado, poderia causar um resfriamento intenso em parte do hemisfério norte. O fenômeno é comparado à Pequena Era do Gelo, registrada entre os séculos XIV e XIX, quando rios europeus congelaram e colheitas foram destruídas por uma queda média de 2 °C nas temperaturas.
O estudo utilizou uma metodologia inovadora baseada na análise de conchas de moluscos do Atlântico Norte, como o quahog e o berbigão-americano. Esses organismos formam faixas anuais de crescimento que registram, em sua composição química, as condições ambientais da água em que viveram — um processo semelhante ao dos anéis de árvores usados para medir variações climáticas.
Os dados coletados mostraram alterações consistentes na temperatura e salinidade dos mares subpolares, reforçando as evidências de que o sistema está se aproximando de um ponto de instabilidade.
O Giro Subpolar faz parte da Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), um conjunto de correntes conhecido como a “esteira rolante do oceano”, que distribui calor e nutrientes por todo o planeta. Caso a AMOC e o Giro entrem em colapso, cientistas alertam que a Europa e a costa leste dos Estados Unidos poderão enfrentar invernos muito mais rigorosos, com efeitos profundos sobre ecossistemas, agricultura e economia global.
Fonte: O Globo