Risco de efeito cascata global
O colapso da Amoc teria consequências globais:
- Europa Ocidental enfrentaria invernos rigorosos e secas severas no verão;
- América do Sul e África sofreriam com o deslocamento das zonas tropicais de chuva, ameaçando a agricultura de milhões de pessoas;
- O nível do mar subiria até 50 cm adicionais, agravando o impacto para cidades costeiras;
- Mudanças abruptas no Atlântico impactariam também monções na Ásia e o regime de furacões.
- Segundo o climatólogo Stefan Rahmstorf, do Instituto de Pesquisa de Impactos Climáticos de Potsdam, a nova projeção é alarmante.
“A chance de colapso era inferior a 10%. Agora, mesmo em cenários de baixas emissões, o risco pode chegar a 25%. Isso é extremamente preocupante”.
Como funcionam as correntes oceânicas e por que elas importam
As correntes oceânicas são movidas por um delicado equilíbrio entre temperatura e salinidade.
No Atlântico Norte, águas mais frias e salgadas tendem a afundar, puxando para cima correntes profundas que circulam calor por todo o globo.
Esse processo, conhecido como “circulação termohalina”, é essencial para manter o clima relativamente estável.
No entanto, o aquecimento acelerado do Ártico está derretendo gelo em grande escala, liberando enormes volumes de água doce no Atlântico.
Essa água menos salgada e mais leve não afunda com a mesma eficiência, enfraquecendo a Amoc.
O efeito cria um ciclo de retroalimentação: menos afundamento → menos circulação → mais aquecimento → mais derretimento.
Já existem registros de que a Amoc entrou em colapso em períodos passados da história da Terra, desencadeando mudanças abruptas no clima global. O receio dos cientistas é que este processo esteja se repetindo em um planeta já sobrecarregado pelo aquecimento antrópico.
Incerteza, mas com sinais claros
Embora parte da comunidade científica ressalte a necessidade de mais observações e simulações, há consenso de que a Amoc já está enfraquecida. Estudos recentes apontam sinais de desaceleração contínua nas últimas décadas.
Segundo pesquisadores, mesmo chances de 10% seriam graves demais, e agora já se sabe que as probabilidades podem estar em 25% ou mais.
O futuro da circulação atlântica exige ação rápida, afirmam, e cortes radicais nas emissões.