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Correndo atrás do boi

17 de março de 2010
2 min. de leitura
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O título não faz referência a nenhuma festa de rodeio nem à farra do boi. Essa foi a imagem que me veio à mente quando li reportagens falando da preocupação – bastante válida, por sinal – dos consumidores em saber de onde vem a carne bovina que eles compram. A questão tem aparecido depois das divulgações de que muitos estão ajudando a devastar a Amazônia comprando carne oriunda de gado criado naquela região.

Para tentar coibir a prática foram lançadas sanções que são difíceis de serem respeitadas pelo simples fato de que há muitos abatedouros clandestinos, as informações são desencontradas etc. Fala-se em controle por radiofrequência, permitindo acompanhar informações do nascimento, sexo, vacinas e movimento do boi. Considerando que o gado no Brasil soma 191 milhões de animais, seria algo como um censo completo de todos os brasileiros, sabendo-se onde cada um anda, por onde passa e o destino final no abate. Não podemos esquecer que essa população é bastante flutuante, já que o tempo de vida do boi até o abate gira em torno de dois a três anos.

Se levarmos em conta que mal conseguimos ter uma ideia exata da população brasileira – que coincidentemente soma também 191 milhões, mas tem certidão de nascimento, RG, CPF, caderneta de vacina, certidão de casamento, averbação de separação e divórcio e atestado de óbito e não se renova com a mesma frequencia –, imagine controlar 191 milhões de bois e vacas com uma população que se renova no máximo em três anos e meio.

Quem quer mesmo deixar de comer a Amazônia vai ter um trabalhão para ter certeza dentro do supermercado de que aquela cidadezinha estampada no rótulo com um nome estranho não faz parte da região amazônica. Provavelmente o jeito será andar com um atlas geográfico brasileiro, com detalhes daquela região, para conferir o nome de cada cidade.

Já são tantos rótulos que leio para ver ingredientes, gordura trans, gordura saturada, conservantes, corantes e muitos outros itens, que seria uma loucura precisar pedir o documento de identidade do boi ensacado em uma bandeja de isopor. Nessas horas sinto alívio em ter me tornado vegetariana e não precisar carregar esse peso nas costas.

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