O anúncio de que a Coreia do Sul proibirá a venda de carne de cachorro até 2027 é um marco histórico na luta pelos direitos animais. No entanto, a resistência à mudança continua grande, com criadores e defensores do setor alegando que a proibição deixará pessoas sem trabalho e cães sem destino. Argumentos como esses, frequentemente utilizados para perpetuar sistemas de exploração, precisam ser analisados com cautela — e enfrentados com soluções éticas e práticas.
A realidade por trás do comércio de carne de cachorro
Criar cães para matança nunca foi apenas uma “tradição cultural”. Esses animais, criados em condições precárias e submetidos a tratamentos cruéis, representam uma indústria que se apoia na objetificação de seres sencientes. Embora algumas pessoas defendam o consumo de carne de cachorro sob a justificativa de que outros animais também são explorados, esse argumento ignora o fato de que nenhuma exploração é moralmente aceitável.
Os cães em fazendas de abate são mantidos em jaulas apertadas, privados de estímulos básicos e frequentemente alimentados de forma inadequada para maximizar lucros. Muitos passam a vida inteira sem sentir o toque gentil de um ser humano, apenas para enfrentar uma morte traumática. Esses fatos não podem ser ignorados em nome de uma “tradição”.
Soluções existem: a mudança é possível
O argumento de que “as pessoas perderão seus meios de subsistência” é falho. Toda mudança social significativa traz desafios, mas esses desafios não são desculpa para perpetuar a exploração. Na Coreia do Sul, o governo já iniciou programas para apoiar a transição dos criadores para atividades mais éticas. Investimentos estão sendo feitos para expandir abrigos, realocar cães e oferecer incentivos financeiros aos criadores que encerram suas operações.
Outros países enfrentaram questões similares ao abolir práticas prejudiciais, como a caça de baleias ou a exploração de animais em circos. Em todos os casos, soluções foram encontradas, e o mesmo pode ser feito para os criadores de cães sul-coreanos. A transição é difícil, mas não impossível.
A hipocrisia da eutanásia como solução
Outro argumento utilizado pelos críticos da proibição é a ideia de que muitos cães acabarão sendo sacrificados devido à falta de espaço em abrigos. No entanto, culpar os direitos animais por essa situação é ignorar a verdadeira origem do problema: a própria existência dessa indústria. Se os cães foram criados exclusivamente para lucro, é responsabilidade dos criadores e do governo garantir que eles tenham um destino digno.
A sociedade sul-coreana já demonstrou que está disposta a mudar. Pesquisas indicam que o consumo de carne de cachorro está em declínio, e a crescente conscientização pública sobre os direitos animais aponta para um futuro em que essa prática será apenas uma lembrança do passado.
O futuro dos animais e da humanidade
Proibir a carne de cachorro é mais do que uma questão de legislação: é um passo em direção a uma sociedade mais ética e compassiva. À medida que superamos práticas de exploração, temos a oportunidade de repensar nossa relação com todos os animais — cães, vacas, galinhas ou porcos.
A mudança cultural e econômica é possível, desde que haja vontade política e compromisso com soluções reais. Não podemos permitir que desculpas ou argumentos falhos perpetuem a exploração de seres sencientes. Porque, no final, proteger os mais vulneráveis nunca será um ato de perda, mas de evolução.