Cordeirinho continua amarrado à jabuticabeira. Seus olhos vão onde seus passos não chegam. Crianças se aproximam – carinho no pelo – como travesseiro. Um de cada vez ou todos juntos vêm e vão. Sorrisos e risadinhas. É fofinho – abaixa a cabeça – é o afago que chega. Quase fecha os olhos.
Já miudinhos na confiança, e pra frente e pra trás. Igual ontem, serenando na brisa ou cansando pelos raios de sol que atravessam a copa. Não muda, ainda não. Uma porção de comida e uma de água. Silencioso, sim, muito. Manso que nem manso. Recebe outra porção de mãos pelo corpo.
Alguém lembra do tapete da sala – “é parecido”. Outro de um casaco. Continua quieto, presente e alheio. Mais crianças chegam – um cercado de mãos trançadas. Fica agitado, se acalma e cochila sobre as patas. Vão embora. Acorda por instante com cheiro de sangue e metal – é Natal.