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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Corais no Atlântico não devem sobreviver ao aquecimento global, diz estudo

Novo estudo estima que aumento da temperatura média do planeta de apenas 0,7 ºC pode matar todos os corais do Atlântico até 2040

20 de setembro de 2025
Éric Moreira
3 min. de leitura
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Foto: Getty Images

Os recifes de corais, além de desempenharem um papel crucial como barreira natural contra o avanço do mar em regiões costeiras, também são habitats essenciais para diversas espécies marinhas. Contudo, um estudo recente publicado na revista científica Nature alerta que a continuidade da elevação das temperaturas globais poderá colocar em risco a sobrevivência desses invertebrados no Oceano Atlântico.

As previsões traçadas pelos cientistas não são alentadoras. No cenário mais otimista, estima-se que até 70% dos recifes da região poderão começar a sofrer mortes significativas nos próximos 15 anos, caso as temperaturas do planeta não ultrapassem os 2ºC em relação aos níveis pré-industriais. Caso contrário, a estimativa sobe alarmantemente para 99% dos corais em risco de extinção.

Em entrevista ao The New York Times, Chris Perry, da Universidade de Exeter, destacou que o objetivo da pesquisa foi evidenciar as consequências diretas se as emissões de dióxido de carbono e outros poluentes continuarem nas taxas atuais. “No cenário atual, a maioria dos recifes de corais do Atlântico não apenas deixará de crescer, mas muitos estarão sofrendo erosão até meados do século”, afirmou Perry.

Mudanças ecológicas

A saúde e o crescimento dos corais são extremamente sensíveis a uma série de fatores ambientais. Os cientistas ressaltam que surtos de doenças, elevações nas temperaturas, variações no pH da água e a frequência de eventos de branqueamento são determinantes cruciais para o desenvolvimento saudável dessas estruturas calcárias.

De acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos, cerca de 25% da vida marinha depende diretamente dos recifes de corais. Estes funcionam tanto como habitat para espécies vulneráveis quanto como barreiras naturais que protegem as costas contra inundações. Além disso, mais de um bilhão de pessoas ao redor do mundo usufruem das vantagens socioeconômicas proporcionadas por esses ecossistemas.

Para avaliar as implicações das mudanças ecológicas sobre o crescimento dos corais, os pesquisadores realizaram uma comparação entre 400 recifes situados no Oceano Atlântico e fósseis de corais que datam de mais de 10 mil anos encontrados no Caribe. Essa análise permitiu aos cientistas obter dados sobre taxas de crescimento que seriam inalcançáveis com base apenas nos corais ainda vivos.

Aumento do nível do mar

Outra questão alarmante levantada pelos pesquisadores é o contínuo aumento do nível dos oceanos. Enquanto as águas marinhas invadem áreas costeiras, os índices de crescimento dos corais diminuem proporcionalmente. Perry destacou em comunicado que essa inversão pode ter impactos profundos nos ecossistemas costeiros: “Com os recifes e os níveis do mar se movendo em direções opostas, a profundidade da água acima dos recifes aumentará, aumentando os riscos de inundações ao longo das costas vulneráveis e alterando ecossistemas”.

Lorenzo Alvarez-Filip, também da Universidade de Exeter, observou um declínio preocupante tanto na abundância quanto na diversidade dos recifes no Oceano Atlântico. Este fenômeno é amplamente atribuído às elevações das temperaturas globais, repercute a Revista Galileu.

Se as temperaturas continuarem a se manter em 1,3ºC acima dos níveis pré-industriais, até 2060 é previsto que os níveis do mar aumentem entre 30 a 50 centímetros. Contudo, se o aquecimento global ultrapassar os 2ºC, as projeções indicam um aumento que varia entre 0,7 a 1,2 metros.

Ainda que a restauração dos recifes de corais pareça uma alternativa viável para reverter essa situação crítica, o impacto sobre o aumento do nível do mar seria limitado, com reduções na profundidade previstas entre 30 e 40 centímetros.

Fonte: Aventuras na História

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