Os seres humanos podem ser uma péssima influência para os pássaros. Corvos que vivem perto de pessoas podem acabar com o colesterol alto, pardais aumentam seus gritos para serem ouvidos sobre os ruídos da cidade e, em vez de migrar, algumas cegonhas começam a se alimentar de lixo.
A interação entre pássaros e seres humanos pode até mesmo afetar ecossistemas inteiros. De acordo com um estudo publicado na Royal Society Open Science recentemente, uma espécie de ave da Nova Zelândia chamada weka pode passar a menosprezar a dispersão de sementes – tarefa crucial para a manutenção das florestas.
Kim McConkey, professor da Universidade de Nottingham, na Malásia, disse que a interação humana com a weka pode estar mudando a estrutura de algumas plantas em uma extensão notável.
As wekas, que possuem estômagos grandes e moelas adaptadas para ingerir sementes grandes, distribuem as sementes através dos excrementos. Na natureza, a espécie procura por comida. Mas aqueles que vivem em áreas ocupadas pelos seres humanos passaram a esperar por eles e os lanches que trazem.
Pesquisadores analisaram wekas que viviam isolados e wekas que conviviam com humanos. Eles constataram, então, que os pássaros das florestas dispersaram sementes em uma média de 50 a 350 metros. Alguns levaram sementes até dois quilômetros de distância. Já aqueles que tinham contato com os humanos, dispersaram menos da metade de seus semelhantes.
“Acho que realmente subestimamos a weka”, disse Carpenter, pesquisador da Universidade de Canterbury, referindo-se à capacidades que a espécie tem de dispersar sementes a longas distâncias. “Mas estamos impactando na eficácia dela”, concluiu.