Um grupo de pesquisadores da revista Geophysical Research Letters fizeram recentemente uma descoberta alarmante. A maior zona morta do mundo está localizada no Mar Arábico, mais especificamente no golfo de Omã. E ninguém esperava por isso.
Já era, sim, de conhecimento dos especialistas a existência dessa área. Eles também sabiam que ela estava gradualmente se ampliando. Mas desde os anos 1990 testes não eram feitos para medir o tamanho do estrago e, ao se depararem com uma zona morta que mede quase o tamanho do estado do Paraná, eles ficaram assustados. Nem mesmo os computadores previram um aumento nessa escala.
“O oceano está sendo sufocado,” lamenta o autor líder do estudo, Bestien Queste, biogeoquímico marinho e pesquisador da Escola de Ciências do Meio Ambiente da Universidade da Âglie Oriental, no Reino Unido. “Todos os peixes, plantas marinhas e outros animais precisam de oxigênio, para que eles possam sobreviver.”
Queste enfatiza que os impactos desse fenômeno se estendem para muito mais do que apenas o oceano. É uma mudança climática, com efeitos diretos na sociedade – principalmente naquela que circunda a área, e utiliza recursos provenientes do mar.
Os cientistas agora estão pesquisando as reais causas do agravamento do fenômeno, e se mostram preocupados com os impactos que os nossos hábitos cotidianos têm tido no meio ambiente, de forma cada vez mais profundas
O que são zonas mortas
Zonas mortas são espaços no mar em que há concentração de algum nutriente – geralmente nitrogênio. Lá, determinadas flores de algas se proliferam. As algas, por sua vez, começam a consumir o oxigênio presente na água. De acordo com a Live Science, isso acontece aproximadamente entre 650 to 2.600 pés de profundidade.
Os índices de oxigênio daquela área, então, diminuem tanto que eles não são mais suficientes para abastecer a vida marinha. Peixes morrem, plantas morrem, e em muitos casos o fenômeno é tóxico, podendo causar poluição e estragos mais severos. E essa situação pode se agravar cada vez mais, e se estender por áreas cada vez maiores.
E onde entram os x-burguers?
Antes de ser comprovado que a maior zona morta do mundo estava no golfo de Omã, era o golfo do México que a abrigava. Nesse caso, estudos feitos em 2017 trouxeram à superfície a informação de que grande parte dos nutrientes culpados pela proliferação das algas naquela área eram provenientes dos dejetos de animais criados para abate.
Exatamente.
Os animais criados nas fazendas produzem cerca de 335 milhões de toneladas de excrementos por ano. E como quase nenhum criador tem uma forma segura de lidar com essas fezes, elas são despejadas diretamente no mar – criando as zonas mortas.
Não tem como fugir: o segundo maior agravante dessas zonas, já comprovado, é a mudança climática; águas quentes tendem a capturar menos oxigênio. E o agronegócio é campeão em produção de gases estufa.
O Brasil, de acordo com a Revista Galileu, polui mais que o Japão, e 76% das emissões de gases do efeito estufa vêm do agronegócio!
Para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a estimativa é de que a pecuária seja responsável por 14.5% dos gases estufa, mas já o Instituto Worldwatch estima que essa porcentagem seja de por volta de 50%. Independentemente de qual esteja certa, é muita coisa.
Em outras palavras, repensar as nossas escolhas alimentares, adotar uma dieta vegetariana ou vegana e recusar um hambúrguer pode ter impactos impressionantes, como diminuir a proliferação de zonas mortas no outro lado do mundo.