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Construção de estrada que atravessará parque da Tanzânia ameaça animais

16 de agosto de 2010
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Construção a partir de 2012 de uma estrada que vai atravessar 53 quilômetros do parque tanzaniano coloca em risco herbívoros que migram para o Quênia

Todos os anos, a peregrinação repete-se: em julho, cerca de dois milhões de zebras, gazelas e gnus deixam as áridas pradarias de Serengueti, na Tanzânia, em busca das zonas mais húmidas da reserva Masai Mara, no Quênia. Um ritual que pode ser seriamente ameaçado com a construção a partir de 2012 de uma estrada que vai atravessar 53 quilômetros do parque tanzaniano.

“Creio que a estrada prejudicará a ‘grande migração’, de tal forma que poderá torná-la apenas recordação do passado, que as novas gerações não conhecerão”, alerta o conhecido paleontólogo queniano Richard Leakey à agência espanhola EFE. Segundo Leakey, a nova estrada, que ao todo se estenderá por 480 quilômetros, “não só funcionará como uma barreira e poderá provocar o atropelamento de animais, como facilitará a caça furtiva e permitirá que espécies vegetais invasoras e doenças possam movimentar-se mais rapidamente”.

Um dos receios que correm entre a comunidade ecologista é o de que a obra seja entregue a uma construtora da China. Um país que acusam de consumir muitas partes de elefantes para fins medicinais, o que poderia acabar definitivamente com um animal já seriamente ameaçado pelo tráfico de marfim no Norte do país. Estimativas apontam que, por exemplo, a população de zebras pode sofrer um declínio abrupto de 1,3 milhão para apenas 200 mil cabeças em pouco tempo.

A Sociedade Zoológica de Franqueforte (SZF), que financia a administração de Serengueti, acompanha o conservacionista queniano nas críticas à medida, ao lembrar que, com o crescimento do comércio naquela zona da África Oriental, “centenas de caminhões atravessarão o parque todos os dias”. Críticas às quais o presidente tanzaniano responde com garantias de proteção do ecossistema. “Sou um defensor incondicional do meio ambiente e a última pessoa que permitira a construção de algo que destruísse a natureza”, garante Jakaya Kikwete. As autoridades da Tanzânia querem apenas “equipar todas as regiões do país com estradas que possam ser usadas sejam quais forem as condições meteorológicas, já que as populações daquela zona também merecem ter acesso a boas infraestruturas”.

Argumentos que ainda assim não convencem a SZF, que contrapõe com um projeto alternativo em que a estrada passaria a sul de Serengueti e que “serviria cinco vezes mais pessoas”.

Fonte: DN Ciência

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