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DESEQUILÍBRIO

Construção de barragens causam a diminuição da população de insetos na bacia do Rio Paraná

3 de julho de 2021
Kauana Kempner Diogo I Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Waldemar Zielinski por Pixabay

Este mês foi publicado um estudo na revista científica “Biology Letters” chamando atenção para a grave diminuição nas populações de insetos aquáticos na bacia do Rio Paraná. Também, associam a redução com a construção de cerca de 130 barragens ao longo do rio e de seus afluentes nas últimas décadas. 

De acordo com o portal Vegazeta, embora muitas pessoas ainda não reconheçam a importância dos insetos no mundo, eles são essenciais para o ecossistema, como também desempenhando papel determinante na polinização de plantações e controle de pragas.

O pesquisador, e co-autor, do estudo, Liam M. Nash, da Universidade Queen Mary, de Londres, afirmou que, o que está acontecendo está sendo estudado, muito embora as regiões tropicais e subtropicais abriguem cerca de 85% dos insetos da Terra.

“O que descobrimos foram declínios generalizados do número de insetos em todos os grupos aquáticos examinados, incluindo mosquitos, efeminadas e libélulas. A queda ocorreu em canais, lagos, rios e remansos em um dos maiores sistemas de água doce da América do Sul, a bacia do Rio Paraná”, informa Nash.

“Paralelamente, descobrimos que o número de peixes invasores aumentou e a química da água tornou-se mais desequilibrada – todas essas mudanças ambientais estão ligadas à construção de barragens.”

O pesquisador explicou que as barragens também bloqueiam o fluxo de sedimentos e nutrientes, alterando a química da água, deixando-a mais transparente.

“Como a maioria dos insetos aquáticos é escura ou mosqueada para se camuflar em águas turvas, o aumento da transparência da água enfraquece a capacidade de se esconder, tornando-os mais vulneráveis aos peixes invasores.”

Diminuição grave no mundo todo

Nash, PhD em Ecologia, também destacou que regiões de água doce estão entre os ecossistemas em maior ameaça no mundo, o que demanda mais esforço global de conservação.

“Cerca de 70% da eletricidade do Brasil vem de energia hidrelétrica, e barragens hidrelétricas serão essenciais na transição para longe dos combustíveis fósseis. No entanto, o represamento pode ter graves impactos ambientais e sociais. Nosso estudo mostra que as consequências negativas das barragens podem ocorrer muito tempo depois que as florestas foram inundadas e as comunidades locais deslocadas.”

Nash, também citou como um exemplo do impacto humano na natureza, a Hidrelétrica de Itaipu, segunda maior do mundo. O fim das Sete Quedas acabou atraindo muitos peixes invasores para a região, e muitos deles são predadores de insetos que são muito importantes para o ecossistema.

“Os insetos são o grupo de animais mais numeroso do planeta. Existem cerca de 5,5 milhões de espécies, 80% das quais ainda não foram descobertas. No entanto, os insetos estão experimentando declínios acentuados e generalizados no mundo todo. As consequências potenciais de seu declínio são tão terríveis que esse fenômeno tem sido chamado de ‘apocalipse dos insetos’.”

Clique aqui para acessar ao estudo “Pervasive decline of subtropical aquatic insects over 20 years driven by water transparency, non-native fish and stoichiometric imbalance”.

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