A correlação entre os impactos econômicos e ambientais da construção da Refinaria Abreu e Lima, no Complexo Portuário Industrial de Suape, aponta para cenários preocupantes onde, no saldo negativo do empreendimento, estarão estabelecidas as necessidades de medidas mitigadoras ou compensatórias, e maximizadoras.
Ha quase duas décadas perdura uma grande expectativa política e social em Pernambuco em torno da construção da refinaria, localizada no litoral da Região Metropolitana do Recife. A expectativa de mudanças na economia do estado, como a geração de emprego e renda, coloca a instalação e operação da refinaria acima dos impactos ambientais.
Para os pesquisadores Mariana Hipólito Ramos, Andrea Sales de Melo e Francisco de Sousa Ramos, do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), é comum a discussão tomar contornos maniqueístas, abafando as diversas nuances da decisão, “repetindo o clássico trade-off entre os benefícios econômicos e as consequências do empreendimento”.
Eles advertem que, embora se constate que o setor de refino de petróleo é o que tem maior impacto econômico em termos de geração de emprego (direto e indireto) e renda, é também um setor de conhecidos impactos ambientais e sociais negativos, como o risco de vazamento que pode causar mortandade de fauna e flora local, o depósito de sedimentos nas águas que podem comprometer a reprodução e crescimento da fauna, e a provocação de danos à saúde da população local, geralmente de mais baixa renda. “Estes últimos podem estar associados tanto ao desastre ambiental como ao crescimento urbano desordenado que ocorre nestes locais.”
O projeto da refinaria Abreu e Lima prevê, em sua etapa final, a implantação de uma capacidade de produção de 200 mil barris de derivados de petróleo por dia. O custo estimado da instalação é de US$ 2,5 bilhões, sendo considerado um empreendimento de grande porte.
Suape é um enclave estadual entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. Para o meio físico e ambiental a área de influência do projeto abrange um raio de 5 km do entorno, e para o meio antrópico a área de abrangência atinge os dois municípios, de forma direta, e o estado de Pernambuco como um todo, de forma indireta.
A instalação da refinaria de Suape vai substituir a produção de Cubatão, atendendo a Pernambuco e outros estados do Nordeste.
Fonte: Portos do Brasil