(da Redação)
Peter é um urso de grande porte. Com os 107 kg de “pele e osso” em que ele estava quando foi resgatado, ele ainda era um animal de tamanho considerável.
Ele chegou ao santuário da ONG Animals Asia no dia 9 de janeiro de 2013, resgatado de uma fazenda de extração de bile onde ele era mantido em uma das menores gaiolas que os resgatadores já haviam visto. Ela media aproximadamente 90 cm de largura e exatamente 60 cm de altura.
Estava claro que ele praticamente não se moveu durante anos, tendo crescido espremido naquela gaiola.
Jill Robinson, fundadora e CEO da Animals Asia, escreveu sobre Peter em seu blog:
“Enquanto ele dormia sob efeito de anestésicos e nós o desenrolamos daquela gaiola que mais se parecia com um caixote, nós pensamos que seria um milagre se ele conseguisse fazer um uso apropriado de seus membros. Mas, como acontece frequentemente, os ursos costumam nos surpreender com a sua resignação e sua determinação de nunca olhar para trás”.
Peter Egan, embaixador da Animals Asia no Reino Unido que inspirou o nome dado ao urso, visitou-o dias após o seu resgate e relatou a transferência do animal para uma gaiola de recuperação, muito mais ampla.
Ele disse:
“A primeira vez que ele estava em sua jaula de recuperação, que literalmente tremeu com o esforço de sua posição, a equipe assistiu com lágrimas nos olhos e eu li o relatório com lágrimas nos meus. É horrível pensar que ele nunca pode ter se levantado antes em sua vida, nunca havia esticado o seu corpo“.
O urso Peter foi o único macho de seis ursos resgatados na ocasião, em janeiro de 2013. Ele estava em má condição física. Depois de ter sido negada a oportunidade de se mover, seus músculos haviam se atrofiado. Sem o revestimento brilhante de pelos que é próprio dos ursos saudáveis, Peter tinha manchas que anunciavam uma calvície iminente por todo o corpo.
As almofadas nas patas de Peters estavam severamente rachadas e secas, uma condição conhecida como hiperqueratose, causada por má alimentação e uma vida pisando apenas em ferro e concreto.
Mas o pior de tudo é que havia provas de que ele havia sido submetido ao método de “gotejamento livre” de extração de bile. Trata-se de um procedimento no qual é feito um buraco permanente no abdômen e na vesícula biliar, do qual a bile escorre para fora livremente. A dor física que ele viveu com a cada dia deve ter sido imensa. A angústia mental é inimaginável.
A vesícula biliar danificada foi removida e, depois de um tempo, ele foi transferido para uma toca.
Posteriormente, ele foi transferido para um outro recinto, integrado com Shamrock, um urso que era explorado na mesma fazenda e que chegou ao santuário no mesmo período. A amizade floresceu.
Foi uma amizade que continuou conforme eles foram sendo mais amplamente integrados com a comunidade de ursos com os quais vivem hoje. As cicatrizes estão se curando e Peter anda, corre, brinca e busca os seus alimentos na natureza a cada dia.
Por fim, Peter Egan, o pai adotivo de Peter, tem a última palavra:
“Eu vi o urso Peter desenvolver a confiança, a sua maravilhosa e calorosa personalidade e o seu grande senso de diversão”.