Ter um bicho é um prazer, mas requer cuidados. Principalmente se o animal tiver algum tipo de deficiência. Em Botucatu, no interior de São Paulo, tutores de animais surdos contam como cuidam e aprendem a conviver com os bichos.
O cão do engenheiro eletricista Valter Seguro, carinhosamente apelidado de Johnny Depp, possui deficiência auditiva e ela foi percebida nos primeiros meses pelo tutor. “Eu o chamava e ele não atendia e nem mostrava qualquer tipo de reação”, conta. Mas o que parecia um problema, transformou-se em afeto e muito carinho. Hoje, o cão tem uma ano e meio e passou a fazer parte de toda a programação e viagens da família, o que ajudou no tratamento da doença.
O cachorro leva uma vida praticamente normal, mas os tutores tiveram que improvisar na comunicação com o animal e os comandos são feitos por gestos. Uma alternativa foi usar uma luz especial que chama a atenção do animal. “Nós não podemos deixar ele fugir porque senão corre o risco de ser atropelado. E na coleira dele tem o telefone e uma explicação que ele é deficiente auditivo”, conta Valter.
A audição é um dos sentidos que os animais mais usam para se proteger. Por exemplo, ao atravessar uma avenida movimentada, se não verem um carro, mas ouvirem o barulho dele, o reflexo de voltar os protege.
A gatinha branca Alice, de dois meses, escapou por pouco de ser atropelada. Ela é surda e foi resgatada em uma das principais avenidas da cidade, pela veterinária Anelise Grethere. Ela relembra que no começo teve que se adaptar. “No primeiro dia que eu já cheguei em casa da faculdade, eu chamei minha cachorrinha Cristal e a Alice, mas esqueci que ela era surda”.
Ela conta que teve que procurar a gata. “Ela não estava em nenhum lugar e quando fui ver encontrei ela dentro de uma gaveta, dormindo”.
Os estudos na medicina veterinária sobre surdez em cães e gatos ainda são raros. Mas há um ano, a Faculdade de Medicina Veterinária da Unesp de Botucatu conta com um aparelho único no Brasil. Avaliado em U$ 30 mil, o equipamento atesta a surdez, através de pequenas agulhas que são espetadas na cabeça do animal.
“Esses eletrodos são pequenos, normalmente o animal não se incomoda, não sente dor, a gente coloca um fone de ouvido na orelha do animal, ele emite alguns sons, e os eletrodos registram se esse animal está ouvindo bem ou não”, explica a veterinária Mariana Isa Poci Palumbo.
De acordo com a veterinária, existem vários tipos de surdez. As principais causas são por velhice do animal, inflamação no ouvido, ou genética, ou seja, que vem dos pais para o filhote. As raças de cães e gatos que mais apresentam o problema são as de pelagem branca. Em Dálmatas, por exemplo, a surdez genética pode chegar a 20% dos nascimentos. Por isso a importância de um diagnóstico preciso sobre a doença.
Para criadores o valor do exame é de R$ 50,00. Já para animas domésticos, o hospital tem um serviço social que avalia a situação financeira dos donos. Dependendo do caso o teste pode ser feito de graça.
Assista à reportagem aqui
Fonte: G1