(da Redação)
Na natureza, os ursos são considerados criaturas bastante perigosas. São conhecidos por suas grandes garras que podem ajudá-los a subir em troncos de árvores, ou por serem predadores indesejáveis. No entanto, essa personalidade intimidante (infelizmente) não isenta esses animais de se tornarem vítimas dos humanos. As informações são do One Green Planet.
Algumas espécies de ursos estão ameaçadas de extinção devido à caça dos mesmos para venda de suas patas ou bile para a medicina tradicional asiática ou, igualmente, para serem vítimas da indústria do entretenimento. É comum a presença de ursos em zoológicos ou em circos, e em algumas regiões do mundo eles são transformados em “ursos dançarinos” (“dancing bears”).
A História dos ursos dançarinos
Os ursos dançarinos foram proibidos na Índia em 1972, mas apenas em 2009 todos os que eram explorados dessa forma no país foram liberados, marcando o suposto fim desta tradição.
Os ursos usados como dançarinos eram geralmente os ursos-preguiça, uma espécie que vem sendo classificada como vulnerável pela IUCN (União Internacional pela Preservação da Natureza). Há somente cerca de 20 mil ursos preguiça atualmente documentados na natureza. A maioria deles foi caçada na natureza ainda filhotes e vendidos para o comércio de ursos dançarinos, onde são comprados por um “treinador” que irá ensiná-los a dançar para lhe gerar lucro. Para isso, os ursos são “condicionados”, em um processo que envolve a remoção de seus dentes caninos sem anestesia. Eles também são submetidos a ter o focinho perfurado com uma haste de metal quente. Uma corda, então, é inserida na perfuração como uma forma de controlar o urso enquanto o mesmo dança. Este processo é tão insuportável e horrível quanto parece.
Diversas organizações fizeram do resgate desses ursos a sua máxima prioridade. Uma delas é a International Animal Rescue (IAR), que trabalha para combater a caça dos ursos-preguiça e colabora com santuários como o Wildlife SOS, para reabilitar os animais.
Bobby, Bintha, e Bean são três ursos que foram resgatados graças à IAR e à Wildlife SOS. Segue a sua história.
Resgatados das mãos de caçadores
Em dezembro de 2013, a Wildlife SOS conseguiu apreender três ursos preguiça em poder de caçadores, com a ajuda da polícia local e do departamento florestal. Os animais estavam sendo mantidos pelos caçadores no Nepal, até que tivessem idade suficiente para serem vendidos. Quando atingiram essa idade, os caçadores levaram os ursos para a Índia, esperando vendê-los à comunidade Kalandar, que tradicionalmente explorava os ursos como dançarinos.
No entanto, dado que esta comunidade abandonou a tradição, os moradores não estavam dispostos a comprar os animais, e então os caçadores levaram os mesmos ao Nepal, onde foram interceptados por autoridades. Acredita-se que, se não tivesse ocorrido tal intervenção, os ursos teriam sido vendidos para a indústria alimentícia, que produz sopa com as suas patas.
Após terem sido resgatados, os ursos Bintha, Bean e Bobby foram movidos para o Bhagwan Birsa Biological Park, em Ranchi, para cuidados imediatos e, posteriormente, encaminhados para o santuário da Wildlife SOS, onde vivem felizes na companhia dos outros ursos do local. Segue a história do progresso de cada um desde a sua chegada no santuário.
Bean
Bean tinha três anos de idade quando foi resgatado. Apesar de sua pouca idade, ele já havia tido uma vida inteira de sofrimento até então. Bean tinha uma corda que passava por seu nariz perfurado e seus caninos haviam sido forçosamente removidos. Veterinários removeram a corda e trataram de suas dores e doenças.
Depois do período de quarentena, Bean teve alta e foi permitida a sua socialização com os outros ursos do santuário. O pequeno foi descrito como “um urso simples que se mantém ocupado cavando buracos ou brincando com sinos no recinto”. Há relatos de que ele ama seu cuidador e pode ser visto brincando com ele a qualquer hora do dia – isto é, quando ele não está comendo melancia e mingau de aveia! Bean também desenvolveu uma estreita relação com a ursa Bintha, e eles adoram brincar de lutar e de perseguir um ao outro.
Bintha
Bintha tinha apenas onze meses de vida quando foi salva pelo time da Wildlife SOS. Assim como Bean, ela teve o nariz perfurado e amarrado com uma corda apertada, e cuja ferida não cicatrizava pois era constantemente puxada por seu “tutor”. Agora a sua ferida finalmente está curada, mas ainda ostenta as cicatrizes.
Ela estava muito abaixo do peso ideal quando chegou às instalações, mas desde então ganhou um apetite saudável por frutas – dentre as suas favoritas, estão a romã e a melancia. Seus cuidadores a descrevem como “brincalhona” e até mesmo “arteira”, sempre pronta para traquinagens.
Bobby
Bobby é o mais reservado dos três. Enquanto Bintha e Bean são mais soltos para se relacionar, Bobby se comporta de maneira seletiva para escolher os seus amigos. Os cuidadores do santuário tiveram que utilizar a sua comida favorita – tâmaras – para ganhar a sua amizade. Bobby fez um grande amigo no santuário: Akki, outro urso preguiça, e os dois são inseparáveis.
Durante o verão, Bobby e Akki gostam de escalar árvores e tirar cochilos. As longas garras de Bobby permitem que ele suba em superfícies com muita facilidade. Assim que Bobby estiver no recinto de socialização pelo tempo suficiente para que aprenda o básico sobre a vida selvagem, ele terá livre acesso para vagar pela área florestal onde poderá viver quase como um urso selvagem, porém com a proteção adicional da equipe da Wildlife SOS.
Esperança para outros ursos
Bobby, Bintha, e Bean são apenas três dos ursos que foram resgatados graças aos esforços colaborativos da IAR e da Wildlife SOS. Ambas as organizações são dedicadas a lutar para que os ursos dançarinos se tornem uma tradição do passado, e também para combater a caça da espécie vulnerável dos ursos preguiça.
Para saber mais sobre a IAR, visite o site. Para obter atualizações sobre o
progresso de Bintha, Bean e Bobby, veja o blog da Wildlife SOS, onde também é possível conhecer formas de ajudar.