Em janeiro de 2023, nas ruas históricas de Sucre, na Bolívia, um cachorro sem nome, sem teto e sem destino cruzou o caminho de um grupo de viajantes. Entre eles estava Krista Sobocan, uma canadense de 37 anos que jamais imaginaria que sua vida mudaria para sempre por causa de um encontro tão casual, mas profundo.
O cão, mais tarde batizado de Chase, surgiu após o grupo almoçar e pegar alguns suprimentos. Com o olhar meigo e o corpo magro, começou a seguir os viajantes pelas ruas. Ninguém teve coragem de afastá-lo. Chase parecia determinado, como se soubesse que ali havia uma chance de ser visto, amado, acolhido. E foi exatamente o que aconteceu.
Ao voltarem para a van, Krista e os amigos tentaram seguir viagem. Mas Chase não desistiu. Tentou entrar no veículo. Quando o convenceram a sair, ele começou a correr atrás da van, incansável, como se estivesse dizendo: “me levem com vocês”. Aquela cena comoveu profundamente o grupo. Não havia mais volta. A partir dali, Chase se tornou parte da aventura.
Durante semanas, o cão viajou com os amigos pelas paisagens bolivianas, até que, ao fim da jornada, os caminhos precisaram se separar. Mas Krista não conseguia esquecê-lo. Compartilhou um vídeo do momento em que Chase corre atrás da van e a gravação viralizou. E com a comoção vieram mensagens, apoio, doações e, principalmente, a força que ela precisava para trazê-lo para casa: Toronto, no Canadá.
Enquanto resolvia documentos e planejava os próximos passos, Krista passou um tempo na Costa Rica. De longe, articulava o resgate de Chase com ajuda de grupos no Facebook, que o localizaram e o acolheram em uma família temporária na Bolívia. Foram meses de angústia, esperança e trabalho incansável. Até que, no dia 20 de agosto, Krista voltou à Bolívia para buscá-lo.
Com os trâmites concluídos, ela levou Chase até Miami, um aeroporto aprovado pelo Centro de Controle de Doenças (CDC), nos Estados Unidos, e depois dirigiu até Nashville, Tennessee. Ali, o cão passou alguns dias com o pai de Krista, adaptando-se à nova realidade norte-americana. Por fim, seguiu para Toronto, a bordo da van de Krista — agora seu lar sobre rodas.
Hoje, Chase é um cão feliz. Adora o ar livre, os passeios pela natureza e, acima de tudo, ama Krista com uma devoção silenciosa e profunda. É impossível olhar para ele e não se emocionar com o que viveu.
“Senti um alívio imenso. Estava ansiosa há meses, sempre preocupada com ele. Quando finalmente o abracei, foi como se tudo tivesse valido a pena. Foi quase bom demais para ser verdade”, conta Krista.
Ela afirma: “Quero que as pessoas entendam o quanto um animal resgatado pode ser especial. A alegria que trazem à nossa vida é indescritível. Cães abandonados, especialmente, têm uma sabedoria, uma inteligência que vem de tudo o que viveram. E sua gratidão pelo amor recebido”.
Essa história — que acontece com mais frequência do que se imagina — mostra que adoção não tem fronteiras. O amor não vê nacionalidade, idioma ou espécie. Quando alguém decide adotar um animal em situação de vulnerabilidade, uma vida inteira muda. E não é só a do animal.
Adotar é transformar dor em cuidado, medo em confiança, abandono em afeto. É recompensador ver um ser antes invisível florescer, brincar, dormir em paz — e saber que você fez parte disso.
Para quem adota, o coração se amplia. Para quem é adotado, o mundo recomeça.
Adote. Onde quer que você esteja. O amor verdadeiro pode estar esperando em qualquer curva do caminho, numa esquina.
Veja o vídeo:
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