Os animais não votam por questões óbvias. Mas seus tutores, protetores e as pessoas que amam os animais, sim. E, por isso, a causa animal merece um post especial em tempos de eleição. Então, nosso assunto de hoje não poderia ser outro: propostas de governo dos candidatos à prefeitura do Rio para os nossos animais. Sim, eles são importantes e merecem atenção especial também.
O assunto nunca foi tão discutido como agora. Muitos vão dizer que isso é uma bobagem porque existem questões mais sérias a serem ditas, que dar tratamento especial aos animais é um absurdo, entre outras tantas opiniões contrárias à causa animal. Ok. Respeitar as diferenças é um dos nossos grandes desafios. Mas, é preciso lembrar que a causa animal é também é uma questão de saúde pública, portanto, interessa até mesmo a quem não é simpatizante da causa. Animais soltos e doentes pelas ruas transmitem zoonoses. Além disso, são seres que sentem dor, fome, frio, sede, amam e isso não pode ser ignorado.
*As mesmas perguntas foram enviadas aos mesmo tempo aos candidatos, mas nem todos responderam.
CARLOS OSÓRIO (PSDB)
Para colocar em prática suas ações pela causa animal, Osório pretende se espelhar em iniciativas que já deram certo em várias cidades pelo mundo. O candidato também destacou e elogiou o trabalho voluntários dos defensores da causa, prometeu dar mais atenção ao resgate de animais abandonados e classificou como lamentável e precário o atendimento dado aos animais pela prefeitura.
– O senhor tem projetos para a causa animal? Quais?
Existem iniciativas muito interessantes em várias cidades do mundo, sem nenhum tipo de sacrifício ou apreensão agressiva. Isso pode nos orientar muito. Vamos implantar ações volantes de atendimento, que possam disponibilizar, consultas clínicas, vacinação e castração, com preços populares. Também vamos disponibilizar serviço de resgate de animais atropelados ou que sofreram maus-tratos, em parceria com organizações de apoio e reabilitação. Criaremos mais espaços de convivência e lazer na cidade em praças e demais espaços públicos, os chamados “parcão”, com infraestrutura e comodidade. Também vamos desenvolver campanhas educativas, de adoção e guarda responsável.
– A causa animal não é apenas um capricho de quem gosta de animais, mas também um problema de saúde pública. Há muitos deles abandonados pela cidade, como no Campo de Santana, no Centro, e no entorno de áreas mais pobres, o que coloca em risco a vida dos cariocas. Se eleito, o que pretende fazer para cuidar desses animais?
O município não pode se omitir quanto ao atendimento dos animais. O que temos disponível hoje é lamentável e precário. A generosidade dos defensores da causa animal tem sido a exclusiva responsável pelas boas práticas que temos hoje. As medidas também serão levadas aos animais que vivem em locais como o Campo de Santana. Sempre alinhadas com ações de incentivo à adoção e posse responsável.
– Esse abandono é ainda maior nas favelas, até porque os moradores não têm dinheiro para os devidos cuidados, como a castração, que é um procedimento simples e que resolve o problema da super população animal. No entanto, sabemos que a maioria das comunidades é dominada pelo tráfico, violência e, por isso, de difícil acesso. Como fazer chegar a essas comunidades os serviços de atendimento aos animais sem colocar em risco a vida dos profissionais?
Levar serviços públicos para as comunidades é nossa missão. A atual gestão da prefeitura abandonou o atendimento ao cidadão em todos os âmbitos. As medidas pelo bem estar animal fazem parte do conjunto de serviços que serão levadas às comunidades do Rio. Isso é questão de saúde pública e deve ser tratada com total seriedade.
– A prefeitura tem uma secretaria de proteção animal que pouco faz pelo tema. O senhor pretende melhorar o trabalho dessa pasta ou acabar com ela e criar uma nova estrutura na prefeitura para atuar na causa?
Sabemos que muitas secretarias não têm funcionado a contento, de acordo com o que a população precisa e espera. Pela quantidade de animais abandonados nas ruas, está claro que existem problemas. É preciso rever prioridades, colocar para funcionar o que já existe. A reorganização administrativa da prefeitura que eu proponho será uma oportunidade para dialogar com a sociedade e os servidores, com vistas a avançar nas políticas públicas e reorientar a prefeitura para servir o cidadão. Isso se aplica também à pasta de defesa dos animais. Vamos fazer parcerias, ouvir servidores e defensores da causa e trabalhar para garantir mais dignidade aos animais.
– A Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa) tem inúmeros problemas e dívidas que se arrastam há anos, e a situação da entidade piorou agora com a morte, em agosto, da então presidente da instituição Izabel Cristina. Alguma possibilidade de o senhor, sendo prefeito, ajudar à Suipa e também os inúmeros abrigos espalhados pela cidade, como a Fazenda Modelo?
Estive na Glória, participando das doações de ração para os animais que vivem na Suipa e fiquei muito impressionado com a generosidade dos cariocas. Foi bonito de ver. Aproveito para reiterar aqui o compromisso de firmar parceria com a Suipa e garantir que isso nunca mais aconteça.
– De todos os projetos listados aqui, quais o senhor afirma que poderá executar em quatro anos de mandato?
Vamos implantar o serviço volante, disponibilizar atendimento e resgate aos animais abandonados e criar novos espaços tipo “parcão” nas praças públicas. Além disso, vamos fazer campanhas para incentivar que as pessoas adotem em vez de comprar animais.
FLÁVIO BOLSONARO (PSC)
Parcerias público-privadas e a criação de um Instituto Veterinário Público são os principais projetos do candidato. Para ele, o tratamento adequado aos animais não apenas evitam a transmissão de zoonoses, mas também geram bem estar aos animais.
-O senhor tem projetos para a causa animal. Quais?
Teremos na nossa administração um corte de várias secretarias, mas vamos criar a Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais. Será criado um Instituto Veterinário Público para tratamento, acolhimento e castração de animais em situação de abandono ou maus-tratos, impedindo assim a proliferação de doenças por animais para seres humanos e gerando bem-estar não somente aos cidadãos, mas aos animais. O Instituto também se esforçará na promoção de campanhas para educação e conscientização da população sobre o tema, inclusive nas escolas públicas.
– A causa animal não é apenas um capricho de quem gosta de animais, mas também um problema de saúde pública. Há muitos deles abandonados pela cidade, como no Campo de Santana, no Centro, e no entorno de áreas mais pobres, o que coloca em risco a vida dos cariocas. Se eleito, o que pretende fazer para cuidar desses animais?
Dentro da ideia da Secretaria Especial, podemos adotar parcerias público-privadas com entidades de acolhimento
– Esse abandono é ainda maior nas favelas, até porque os moradores não têm dinheiro para os devidos cuidados, como a castração, que é um procedimento simples e que resolve o problema da super população animal. No entanto, sabemos que a maioria das comunidades é dominada pelo tráfico, violência e, por isso, de difícil acesso. Como fazer chegar a essas comunidades os serviços de atendimento aos animais sem colocar em risco a vida dos profissionais?
A grande maioria dos moradores é de pessoas de bem, trabalhadoras, que dificilmente recusam um serviço público do qual necessitam. Nosso planejamento será pela regra, não pelas exceções. Estas, claro, demandarão ajuda das forças de Segurança do Estado.
– A prefeitura tem uma secretaria de proteção animal que pouco faz pelo tema. O senhor pretende melhorar o trabalho dessa pasta ou acabar com ela e criar uma nova estrutura na prefeitura para atuar na causa?
Teremos uma nova estrutura, mais enxuta, porém muito mais eficiente
– A Suipa tem problemas e dívidas que se arrastam há anos, e a situação da entidade piorou agora com a morte, em agosto, da então presidente da instituição Izabel Cristina. Alguma possibilidade do senhor, sendo prefeito, ajudar à Suipa e também os inúmeros abrigos espalhados pela cidade, como a Fazenda Modelo?
Há todas possibilidades de efetuar parcerias com estas entidades. Porém, devemos ter os pés no chão e não fazer promessas, o município que nos será entregue está com graves problemas financeiros para serem resolvidos. Vamos ajudar dentro das nossas possibilidades
– De todos os seus projetos listados aqui, quais o senhor afirma que poderá executar em quatro anos de mandato?
Tenho certeza de que o Instituto Veterinário vai se consolidar.
JANDIRA FEGHALI (PC do B)
Ter a participação direta dos cariocas nas políticas públicas pela causa animal é uma das propostas da candidata Jandira Feghali. Criar mutirões para levar serviços com segurança às favelas e apoiar a Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa), Fazenda Modelo e ONGs que cuidam dos animais também está em seu plano de governo. “É preciso um olhar mais generoso e de compaixão com os animais por parte do poder público”, defende a candidata.
– A senhora tem projetos para a causa animal? Quais?
Sim, como o investimento adequado do município na Fazenda-Modelo e na aplicação de recursos nos programas da Sepda (Secretaria de Proteção e Defesa dos Animais), além da estruturação da pasta em comunhão com os diversos grupos de proteção animal, ONGs e representações não organizadas da sociedade. Os cariocas precisam participar de modo ativo com a gestão pública. Também citaria a devida manutenção no zoológico da cidade, com reabertura total, e diálogo junto ao Legislativo para implementação de políticas públicas em proteção e defesa dos animais.
– A causa animal não é apenas um capricho de quem gosta de animais, mas também um problema de saúde pública. Há muitos deles abandonados pela cidade, como no Campo de Santana, no Centro, e no entorno de áreas mais pobres, o que coloca em risco a vida dos cariocas. Se eleita, o que pretende fazer para cuidar desses animais?
É preciso um olhar mais generoso e de compaixão com os animais por parte do poder público. A atual gestão não colabora nesse sentido, não investindo em políticas de prevenção do abandono ou do cuidado com os animais já abandonados. Precisamos implementar mutirões nos territórios com vários serviços públicos, inclusive recolhimento, castração (castramóvel) e conscientização da população de como cuidar dos animais.
– Esse abandono é ainda maior nas favelas, até porque os moradores não têm dinheiro para os devidos cuidados, como a castração, que é um procedimento simples e que resolve o problema da super população animal. No entanto, sabemos que a maioria das comunidades é dominada pelo tráfico, violenta e, por isso, de difícil acesso. Como fazer chegar a essas comunidades os serviços de atendimento aos animais sem colocar em risco a vida dos profissionais?
Os mutirões são uma boa forma de se chegar em pontos de menor acesso, principalmente com colaboração da comunidade, como áreas em que haja controle do tráfico ou milícia. É urgente que políticas públicas como essa alcancem toda a cidade.
– A prefeitura tem uma secretaria de proteção animal que pouco faz pelo tema. A senhora pretende melhorar o trabalho dessa pasta ou acabar com ela e criar uma nova estrutura na prefeitura para atuar na causa?
Manter a Sepda, mas com alocação de recursos necessários e controle pela população através de mecanismos de transparência e gestão social. Há uma enorme parcela da sociedade que se interessa e milita no assunto e acha importante fazer parte deste processo.
– A Suipa tem problemas e dívidas que se arrastam há anos, e a situação da entidade piorou agora com a morte, em agosto, da então presidente da instituição Izabel Cristina. Alguma possibilidade da senhora, sendo prefeita, ajudar à Suipa e também os inúmeros abrigos espalhados pela cidade, como a Fazenda Modelo?
A Prefeitura deixou a Suipa às traças, sem um mínimo de ajuda. A desoneração de impostos e anistia da dívida com tributos municipais já ajudaria muito a instituição, que é reconhecida em todo o país. Além dela, há inúmeras ONGs que também precisam de ajuda e incentivo para atuar conosco.
– De todos os seus projetos listados aqui, quais a senhora afirma que poderá executar em quatro anos de mandato?
Todos são cabíveis de implementar na próxima gestão. Basta vontade política, e nós temos.
MARCELO FREIXO (Psol)
– Transformar o Jardim Zoológico do Rio em um centro público de reabilitação, conservação e pesquisa da fauna nativa;
– Ampliar a rede de hospitais veterinários públicos, aumentar os centros de esterilização e garantir programas de castração móvel no município;
– Criar programas de acolhimento de animais resgatados de abandono e maus-tratos e promover campanhas de adoção;
– Criar um sistema de informações voltado para o combate aos crimes contra os animais;
– Proibir a eutanásia e o uso de câmaras de gás em animais sadios ou com doenças tratáveis.
PEDRO PAULO (PMDB)
Pedro Paulo, candidato do atual prefeito, Eduardo Paes, falou não apenas das suas propostas, mas fez questão também de ressaltar o que o atual governo fez pela causa animal. Aumentar o número de postos de atendimento já existentes e ampliar serviços de mais complexidade, como tratamento de câncer e amputação, são algumas de suas propostas. Sobre a atual gestão ele destacou a retirada dos cavalos que faziam o serviço de transporte de charretes em Paquetá, a pedido do Ministério Público, e o aumento das castrações.
– O senhor tem projetos para a causa animal? Quais?
Temos 10 unidades espalhadas pela cidade entre postos de esterilização, centros de atendimento clínico e abrigos. Para isso, vou aumentar o número de unidades e tornar o agendamento mais fácil e eficiente. Também quero melhorar as condições das instalações já existentes. O poder público precisa também oferecer procedimentos clínicos mais sofisticados do que o que faz hoje. Vamos ampliar para serviços de mais complexidade, como tratamento de câncer e amputação.
– A causa animal não é apenas um capricho de quem gosta de animais, mas também um problema de saúde pública. Há muitos deles abandonados pela cidade, como no Campo de Santana, no Centro, e no entorno de áreas mais pobres, o que coloca em risco a vida dos cariocas. Se eleito, o que pretende fazer para cuidar desses animais?
É preciso aumentar a atenção para a questão dos animais comunitários, com o fortalecimento do programa que a prefeitura retomou, além de aumentar as campanhas de conscientização junto à população e fazer parcerias estratégicas com outras entidades. A questão do abandono, que é mais séria do que se pensa, não está restrita apenas aos espaços públicos, como os citados acima. É o caso, por exemplo, do Jockey Clube, na Gávea, entre outros. É necessário aumentar as campanhas de esclarecimento e a fiscalização nos pontos onde se registram abandonos, com uso de câmeras e aplicação da Lei. O abandono de animais é crime. É dever e obrigação de todos, inclusive da população, combater os maus-tratos.
– Esse abandono é ainda maior nas favelas, até porque os moradores não têm dinheiro para os devidos cuidados, como a castração, que é um procedimento simples e que resolve o problema da super população animal. No entanto, sabemos que a maioria das comunidades é dominada pelo tráfico, violenta e, por isso, de difícil acesso. Como fazer chegar a essas comunidades os serviços de atendimento aos animais sem colocar em risco a vida dos profissionais?
Outra ação importante é ampliar o programa de atendimento a animais comunitários, chegando até as comunidades e favelas. E, para isso, a gente precisa atuar mais ativamente em parceria com associações de moradores, com os protetores, com as instituições locais. Há a possibilidade, por exemplo, de se investir no castramóvel para ampliar o nosso raio de ação e levar o serviço para esses lugares, mas, além da castração em si, tem toda uma série de cuidados com o pós-operatório que depende da ajuda da comunidade.
– A prefeitura tem uma secretaria de proteção animal que pouco faz pelo tema. O senhor pretende melhorar o trabalho dessa pasta ou acabar com ela e criar uma nova estrutura na prefeitura para atuar na causa?
Sempre é possível melhorar, e é claro que vamos aprimorar e ampliar o trabalho da Sepda (Secretaria de Proteção e Defesa dos Animais). Mas, é injusto dizer que a prefeitura pouco faz pelo tema. Este ano, por exemplo, quando eu estava à frente da Secretaria de Coordenação de Governo, coordenei, em parceria com a Sepda, a retirada dos cavalos que faziam o serviço de transporte de charretes em Paquetá. A prefeitura do Rio deu fim à tração animal, que já existia há anos na ilha. Atendendo a uma recomendação do Ministério Público que apontava sinal de maus-tratos, mau estado de conservação das cocheiras e a contaminação ambiental devido à urina e às fezes dos cavalos. A prefeitura não apenas extinguiu o serviço, como deu suporte aos profissionais, doando 17 carros elétricos. Uma solução pioneira e inédita. E vamos continuar avançando para coibir a tração animal e maus-tratos aos animais, e, ao mesmo tempo, gerando alternativas de renda para as pessoas. Além disso, no início do governo Eduardo Paes, a prefeitura fazia 25 mil procedimentos de castração. Já, para este ano, a estimativa é de 42 mil até dezembro. Há ainda programas como o Bicho Rio, um dos que mais realizam esterilização pública no país. Somente no ano de 2015, a Sepda ultrapassou o número de 350 adoções.
– A Suipa (Sociedade União Internacional Protetora dos Animais) tem problemas e dívidas que se arrastam há anos, e a situação da entidade piorou agora com a morte, em agosto, da então presidente da instituição Izabel Cristina. Alguma possibilidade do senhor, sendo prefeito, ajudar à Suipa e também os inúmeros abrigos espalhados pela cidade, como a Fazenda Modelo?
Claro. É importantíssimo estabelecer parcerias com essas entidades que atuam há tantos anos na defesa dos animais. Recentemente, o prefeito Eduardo Paes coordenou um pacote de ações de ajuda à Suipa. É uma cooperação que é necessária e não pode ser existente apenas nos momentos de crise. Entendo que o poder público e a Suípa, assim como as outras entidades de proteção, têm muito a colaborar entre si, num diálogo permanente e apoio constante, unindo sociedade e governo.
– De todos os seus projetos listados aqui, quais o senhor afirma que poderá executar em quatro anos de mandato?
Todos, em especial a ampliação da atual rede existente. Com a cooperação da Câmara de Veradores, podemos garantir através da nova legislação recursos que aumentem os atendimentos clínicos. Em quatro anos é possível atender a todas as metas, sobretudo com novos espaços.
MARCELO CRIVELLA (PRB)
Marcelo Crivella quer promover a causa animal com foco em educação ambiental. O candidato lembra ainda que maltratar e abandonar animais é crime e quer fazer campanhas para informar à população sobre as leis que regem a causa.
– O senhor tem projetos para a causa animal? Quais?
O mais importante é cumprir as leis de proteção aos animais, promover campanhas de adoção e programas de esterilização de animais abandonados, além de muita educação ambiental. Abandoná-los ou maltratá-los é crime federal. A primeira missão da prefeitura é fazer uma campanha para conscientizar e alertar a população, explicar a legislação para todos. Podemos usar nossas escolas e contar com nossas crianças para multiplicar essa consciência em todos os lares. Vamos também estudar outros projetos. Temos recebido sugestões para criar um Hospital Veterinário e uma delegacia especializada. Vamos ouvir quem entende do assunto. Espero contar com a ajuda da coluna “É o Bicho”, conhecida pelo carinho e seriedade com os animais.
– A causa animal não é apenas um capricho de quem gosta de animais, mas também um problema de saúde pública. Há muitos deles abandonados pela cidade, como no Campo de Santana, no Centro, e no entorno de áreas mais pobres, o que coloca em risco a vida dos cariocas. O que fazer para cuidar desses animais?
Além de punir quem abandona, temos que atuar na prevenção, reforçando a vigilância nesses espaços para coibir essas ações. A Guarda Municipal, que hoje só multa, tem que ser mais participativa no policiamento do Campo de Santana e de todas as praças e jardins. Os animais que estão nas ruas devem ser cuidados, e a prefeitura precisa atuar mais próxima de ONGs e entidades que já realizam esse trabalho. Precisamos apoiar a Suipa, que sofre com atrasos no pagamento de salários, falta de comida.
– Esse abandono é ainda maior nas favelas, até porque os moradores não têm dinheiro para os devidos cuidados, como a castração, que é um procedimento simples e que resolve o problema da super população animal. No entanto, sabemos que a maioria das comunidades é dominada pelo tráfico, violenta e, por isso, de difícil acesso. Como fazer chegar a essas comunidades os serviços de atendimento aos animais sem colocar em risco a vida dos profissionais?
A prefeitura falhou ao não levar serviços essenciais a esses locais. Não levou saneamento, não levou coleta de lixo, saúde, assistência social. Não adianta achar que cidadania é só ação de polícia. A segurança é importante, mas tem de ser acompanhada por outras ações. A nossa atuação nesses locais será ampla. O combate ao tráfico deve ser feito pelo estado, pelas UPPs, para que os serviços da prefeitura possam chegar com segurança a quem mais precisa. Entre as ações, certamente estará essa questão dos animais.
– A prefeitura tem uma secretaria de proteção animal que pouco faz pelo tema. Como melhorar o trabalho dessa pasta ou acabar com ela e criar uma nova estrutura na prefeitura para atuar na causa?
Precisamos trabalhar com uma máquina pública enxuta. Seria precipitado da minha parte dizer que vamos cortar essa ou aquela secretaria sem antes mergulhar nos detalhes da real situação da prefeitura. O importante não é ter uma secretaria cheia de cargos comissionados, mas ter um sistema que funcione efetivamente. Precisamos, acima de tudo, ter uma política, com diretrizes e metas. E, naturalmente, fazer de tudo para cumprir os objetivos. Na verdade, houve uma inversão total de valores por parte do prefeito. Ele criou uma série de secretarias para loteá-las com cargos comissionados para seus parceiros políticos ao invés de trabalhar para resolver os problemas sobre os quais elas deveriam se dedicar. Veja a questão da proteção do animal por exemplo. É uma questão de natureza transversal – envolve saúde, ordem pública, educação etc. A pessoa fica achando que sabe quem deve procurar na prefeitura para tratar do seu problema, mas suas demandas nunca são atendidas porque as demais secretarias (aquelas que realmente têm instrumentos para resolver os problemas) não a tratam com a prioridade que devia.
– A Suipa tem problemas e dívidas que se arrastam há anos, e a situação da entidade piorou agora com a morte, em agosto, da então presidente da instituição Izabel Cristina. Como ajudar à Suipa e também os inúmeros abrigos espalhados pela cidade, como a Fazenda Modelo?
A prefeitura precisa manter contato permanente com essas instituições e ajudá-las no que estiver ao nosso alcance, sendo sempre transparente e cuidadosa com a gestão do dinheiro público. Essas entidades têm um trabalho fantástico de doação, de amor pelos animais. Precisam ser valorizadas e reconhecidas. Queremos nos unir a elas. Quanto à Fazenda Modelo, precisamos valorizá-la com mais recursos e uma gestão mais eficiente, especialmente o Centro Clínico e Cirúrgico.
– De todos os seus projetos listados aqui, quais são os principais para serem executados em quatro anos de mandato?
Seremos vitoriosos se, ao fim do nosso mandato, tivermos contribuído para aumentar e fortalecer a consciência da população sobre a necessidade de cuidar bem dos animais, que são nossos melhores amigos. Esse é o nosso maior objetivo, mas precisamos intensificar os programas de adoção e esterilização de animais, fazer mais parcerias com instituições voltadas à proteção e defesa deles e promover junto ao MP (Ministério Público) um trabalho de visitas e vistorias técnicas regulares a essas instituições para verificarmos como os animais estão realmente sendo cuidados. Quem vai cuidar das pessoas, tem que também cuidar dos melhores amigos delas!
Fonte: É o Bicho / O Dia