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Conheça as principais doenças oculares que acometem os cães

16 de outubro de 2010
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Gláucia percebeu que Noah andava apático e o levou ao veterinário. O diagnóstico: catarata precoce (Foto: Reprodução/Correio Braziliense)

Noah, um simpático maltês de 5 anos, estava com alguns sintomas de estresse e apatia. Sua tutora, a bancária Gláucia Mendonça, 25 anos, lembra que ele apresentava comportamento estranho e tinha dificuldades para realizar tarefas simples do dia a dia. “Ele não parava de lamber a patinha, dava para perceber que estava acontecendo alguma coisa, mas eu não conseguia identificar o que era. Além disso, ele parou de brincar. Eu jogava a bolinha e ele não buscava, parecia estar sempre cansado.”

O cão estava sofrendo de catarata precoce. Após o diagnóstico, Gláucia procurou um serviço especializado para garantir um bom tratamento. “É melhor procurar um profissional com experiência em doenças oculares. Eles têm aparelhos para fazer exames mais precisos. Com os resultados, foi possível saber se Noah ia voltar a enxergar ou não,” acrescenta.

Felizmente, após a cirurgia e o tratamentos com colírios, Noah recuoperou a visão. Gláucia conta que ele voltou a “ser criança”. “Agora ele não para de brincar, voltou a ser o cachorrinho feliz de sempre”, comemora. As recomendações para Noah, agora, são as mesmas para qualquer animal de estimação: visitas periódicas ao veterinário, alimentação correta e passeios à vontade. “O veterinário explicou que é muito importante não dar comida que não seja ração para o cachorro. O açúcar presente nos alimentos comuns pode facilitar o desenvolvimento de diabetes, o que traria consequências para a vista dele.”

De acordo com o veterinário Leandro Arezalo, sintomas como vermelhidão, excesso de secreções, coceiras e dificuldade em encontrar objetos, associados a comportamento diferente do habitual do cão, sinalizam algum problema ocular. Entre as doenças mais comuns, ele cita, a catarata, a úlcera de córnea, as uveítes e o glaucoma. “A maioria dessas doenças tem tratamento e, quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maiores são as chances de cura. O ideal é procurar um profissional ao primeiro sintoma,” ensina.

O veterinário Luiz Gustavo Silveira alerta para o risco de tratar o animal por conta própria. Ele explica que é comum que a uveíte, por exemplo, seja confundida com conjuntivite. “Esse erro pode ser cometido até por veterinários, daí a importância de sempre procurar um profissional de confiança, e nunca tratar dos bichos sem prescrição médica.”

De acordo com ele, a uveíte é uma doença intraocular causada por deposição de anticorpos formados por outros males. “Ela se manifesta quando o cachorro está com alguma doença, que infecta o sangue e, por consequência, o olho. Por isso, é fundamental tratar a causa. Colírios são importantes, mas sozinhos não resolvem o problema,” alerta.

Luiz Gustavo explica que o glaucoma, entre as doenças oftalmológicas, é a mais difícil de detectar. “Ele vem de forma silenciosa, é muito difícil o tutor perceber. A única forma de prevenção é fazer, a cada seis meses, o exame que verifica a pressão ocular.” Segundo ele, o glaucoma pode ser rápido e trazer consequências irreversíveis. “Após 30 horas submetido a uma alta pressão ocular, o cão pode perder a visão.”

Hereditariedade

Os irmãos Maila e Horus herdaram catarata da mãe: diagnóstico cedo evitou cirurgia nos cocker spaniels (Foto: Reprodução/Correio Braziliense)

Os irmãos Maila e Horus herdaram catarata da mãe: diagnóstico cedo evitou cirurgia nos cocker spaniels

Outro fator que contribui para o aparecimento das doenças oftalmológicas em cães está ligado à genética. No caso dos cocker spaniels Maila e Horus, a tendência de desenvolver catarata foi herdada da mãe. O jardineiro Jerônimo Ciro, 34 anos, conta que foi fácil identificar os sintomas dos bichinhos porque já havia passado por essa experiência quando cuidava de Helena, mãe dos dois. Maila e Horus estão com 6 e 8 anos, respectivamente. Jerônimo conta que os dois começaram a apresentar muita secreção nos olhos há dois meses. “Eu percebi que eles estavam produzindo muito muco. Normalmente, eu limpo os olhinhos deles pela manhã e se mantêm limpos. Com a doença, após uma hora, eles já estavam cheios de remelas de novo.”

Como a doença foi percebida logo na fase inicial, Jerônimo evitou que os cães tivessem que passar pela cirurgia. O tratamento foi à base de colírios. “Primeiro, eu tinha que pingar o colírio de 12 em 12 horas; depois, uma vez por dia e, agora, a cada 36 horas. O tratamento todo vai durar seis meses, mas vale a pena. Tudo pelo bem estar deles.”

Doenças, sintomas e tratamentos

– Catarata: é uma opacidade no cristalino, mais comum em cães mais velhos. Em casos severos, pode levar à cegueira.

Sintomas: o cachorro perde o senso de orientação. A doença causa inflamação. Por isso, os olhos produzem mais muco. Além disso, a pupila do animal fica clara e opaca.

Tratamento: cirurgia. Antes da cirurgia, é importante fazer exames de ultrassom ocular e eletroretinografia. Eles fornecem informações necessárias para saber se o animal vai recuperar a visão após a intervenção cirúrgica.

– Úlcera de córnea: é causada por traumatismo decorrentes de arranhões, algum corpo estranho ou o xampu.

Sintomas: o cachorro fica com os olhos fechados e passando a patinha para tentar coçar. Além disso, apresenta fotofobia.

Tratamento: colírio antibiótico e anti-inflamatório.

– Glaucoma: caracteriza-se pelo aumento da pressão intraocular. A doença pode levar à cegueira em poucas horas. Existe o risco de ser confundida com conjuntivite. Para distinguir, é necessário fazer um exame que mede a pressão ocular.

Sintomas: pupila dilatada e olhos vermelhos.

Tratamento: colírios que melhorem a drenagem dos olhos.

– Uveíte: manifesta-se quando o cachorro tem outra doença, como, por exemplo a erliquiose — um mal transmitido pelo carrapato. Também é grande o risco de ser confundida com conjuntivite. Pode levar à cegueira.

Sintomas: olho vermelho, pode ter sangramento intraocular e deslocamento de retina.

Tratamento: é fundamental identificar a causa primária da doença e tratá-la. O colírio ajuda a amenizar os efeitos da doença nos olhos do animal, mas não cura.

Fonte: Correio Braziliense

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