Sua exploração resultou em vitórias e em prêmios em dinheiro. Drip ganhou mais de US$ 254 mil e fez sua última corrida em 2014. Apesar de suas grandes conquistas, como milhares de outros cavalos explorados nessas competições nos Estados Unidos, Drip era apenas um meio para alcançar um único objetivo: lucrar com a indústria multibilionária de abusos de cavalos em Louisiana.
Ao contrário de alguns animais que são libertos dos maus-tratos, Drip representa a maioria dos cavalos de corrida que é descartada depois de não conseguir mais ganhos financeiros. Ele foi passado de um explorador para outro indivíduo e esta poderia ter sido sua “aposentadoria”. Porém, tragicamente, ele enfrentou um sofrimento intenso, resultado da negligência e do abuso que levaram que causaram sua morte trágica em Opelousas, Louisiana.
Ainda não foi confirmada publicamente qual substância específica foi aplicada sobre os ferimentos de Drip. “Em nome de milhares de cidadãos preocupados, esperamos que a história do sofrimento e da morte desnecessários de Dr. Drip ajude a promover a mudança no sistema legal por meio do contínuo envolvimento público e traga justiça ao Dr. Drip e a outros animais negligenciados e abusados em Louisiana e em todo o país”, declarou Kim Sheppard, da Pegasus Equine Guardian Association.
O xerife de St. Landry, Bobby Guidroz, disse: “Uma prisão foi realizada em relação à crueldade do crime contra um cavalo de corrida local aposentado Dr. Drip. O St. Landry Parish Animal Control notificou o escritório do xerife sobre uma possível queixa de crueldade animal. Uma fonte anônima contou ao Animal Control que um cavalo estava severamente desnutrido. Os detetives ajudaram o Animal Control a localizar o cavalo. O cavalo estava desnutrido até um ponto em que a grande maioria dos ossos das costelas era facilmente vista. O cavalo teve diversos ferimentos de sela na área traseira e uma quantidade substancial de larvas e moscas nas feridas. Os detetives entraram em contato com o proprietário da terra e tiveram autorização para entrar em sua propriedade para que o animal fosse salvo pelo Saint Landry Parish Animal Control”.
Segundo ele, veterinários locais afiliados ao Acadiana Equine Hospital examinaram o animal e começaram seu tratamento. O Animal Control entrou em contato com o hospital e informou sobre a piora da condição do cavalo. Outro exame foi realizado e constatou-se que ele deveria ter a morte induzida. “O cavalo foi morto pelo médico examinador. O Saint Landry Parish Animal Control iniciou sua investigação e coletou declarações das partes envolvidas e o caso foi considerado um crime”, explicou Guidroz.
A diretora do Animal Control, Stacey Alleman, indicou que seu escritório realizou um relatório completo e detalhado sobre o estado de Dr. Drip e que Jermaine Dewayne Doucet Jr. (de 18 anos) recebeu uma citação nos estatutos da legislação por deixá-lo sem água, no feno moldado e privá-lo de cuidados veterinários adequados.
Dois detetives foram designados para investigar o caso quase uma semana depois. O relatório de Guidrozs indicou que o cavalo foi comprado pelo cuidador da terra para Doucet e que ele concordou em mantê-lo no local. Em 26 de junho de 2017, Doucet foi entrevistado no escritório de St. Landry e sinalizou que mantinha o cavalo e foi preso.
Três meses após a prisão de Doucet, há pessoas que ainda questionam se a justiça foi feita apenas com a única prisão de um filho de 18 anos que morava em uma comunidade pobre e possuía poucos ou nenhum meio financeiro para cuidar do cavalo ou alimentá-lo. “Mais de 231 mil cidadãos não pensam dessa forma. Eles assinaram uma petição, instando a polícia da paróquia de Saint Landry a investigar e processar todas as partes que também podem ser culpadas do abuso e da negligência do cavalo”, ressaltou Sheppard.
Apenas Doucet foi preso e acusado de Crime de Crueldade aos Animais, com uma multa de US$ 5 mil. Alguns indivíduos questionam se pessoa que lhe forneceu o cavalo e permitiu que ele o mantivesse na terra em que alugou foi investigada rigorosamente.
Alleman indicou que o Dr. Drip foi visto andando alguns dias antes de ser descoberto e que ele estava tão debilitado que não conseguia mover o rabo para afastar moscas. Ela disse que até mesmo a parte de baixo de seu corpo estava repleta de feridas abertas e que o veterinário administrou fluidos e retirou muitas larvas que, segundo testemunhas, devoravam a carne dos ferimentos.
Alleman informou que o cavalo desnutrido foi transportado para o abrigo do Saint Landry Animal Control e que, ao chegar, desfrutou de uma banheira de água gelada de onde bebia e colocava a cabeça.
Uma instalação de cuidados intensivos de equinos – com capacidade de atender às necessidades médicas veterinárias de Drip – reservou um lugar para ele. Ele deveria ser transportado do abrigo para o local na manhã seguinte. No entanto, a negligência e o abuso que sofreu impossibilitaram que isso ocorresse. Era tarde demais embora os seres humanos que o cercaram durante suas últimas horas de vida tentassem ajudá-lo. Na manhã seguinte, quando ele deveria ser transportado, Drip teve um colapso e foi decidido que ele teria a morte induzida.
Devido às circunstâncias claramente cruéis que envolvem o sofrimento e a morte do cavalo, cidadãos preocupados têm apelado para que os tribunais estabeleçam sentenças máximas por acusações criminais e investiguem outras pessoas que possam ser culpadas do crime hediondo contra Drip.
Infelizmente, os cavalos que correm em uma pista, com a torcida de multidões vestidas com roupas e belos chapéus, podem morrer ao invés de serem libertos depois da última corrida. Se estiverem feridos ou não obtiveram vitórias, eles são simplesmente considerados descartáveis. Alguns são enviados a matadouros e podem ser vistos em leilões. Alguns cavalos explorados em corridas foram descobertos com uma tatuagem cortada ou com os lábios queimados, que são as únicas maneiras de identificá-los, revela o Huffington Post.
Como Drip, alguns cavalos acabam em outras situações de negligência ou abusivas. Acredita-se que o cavalo de 13 anos estava desnutrido há meses e que ele continuou sofrendo, deixado sem abrigo ou proteção do calor e com sapatos presos nos cascos quando foi descoberto pelas autoridades no dia anterior ao seu falecimento.
Existem inúmeros cavalos como Dr. Drip, sendo que alguns não são forçados a participar de corridas. Na realidade, eles são de todos os tamanhos, formas e raças e, às vezes, são deixados amarrados ou confinados com pouco ou nenhum alimento, água ou abrigo para simplesmente sofrer e morrer sozinhos ou até mesmo em meio a outros animais à beira da morte. Isso ocorreu no Texas e na Flórida devido a recentes inundações e voluntários e oficiais do controle trabalharam incansavelmente para ajudar o maior número possível de vítimas.
“Se trocarmos de lugar com eles, imaginando como eles se sentem famintos, com sede, medo, sozinhos, doentes, feridos e com dor, podemos compreender melhor como, às vezes, são finalmente superados pelo fracasso em um mundo de apatia que se esqueceu deles e falhou com eles. Alguns simplesmente desistem, sabendo que ninguém se importou ou foi socorrê-los cedo o suficiente”, concluiu Sheppard.
