A Ilha das Onças-Pintadas, localizada no nordeste do Amapá, é uma região remota e que abriga cerca de 40 animais da espécie, em uma área de 58 mil hectares de terra. Segundo o portal G1, essa “ilha”, que está na Estação Ecológica Maracá-Jipioca (EEMJ), foi criada há 40 anos e tornou-se um espaço de conservação para manter várias espécies vivas, incluindo as onças. A área também funciona como um berçário.
De acordo com Iranildo Coutinho, Analista Ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio) e chefe da EEMJ, desde 2018, um estudo está sendo realizado, utilizando armadilhas fotográficas para monitorar as onças da ilha. A estimativa é de que existam 38 animais desta espécie vivendo na unidade de conservação, mas o número pode ser maior que esse.
Segundo o analista ambiental, o Amapá possui uma grande área preservada que serve como habitat para as onças, e supõe-se que há uma grande população desses animais, mesmo esses felinos estando classificados como ameaçados na categoria vulnerável para esta região. Ele diz que por algum motivo, que não se sabe, não há onças de outras espécies na ilha ou felinos de porte menor.
As onças-pintadas são boas em escalar árvores e em nadar. Devido às grandes áreas de preservação no Amapá, esta se tornou uma região perfeita para a conservação dessa espécie. Para observar as onças, silêncio e distância são dois itens fundamentais e obrigatórios. Esses animais podem ser vistos nas margens da ilha e em praias que se formam.
Iranildo Coutinho destaca que as espécies da ilha se adaptam às dinâmicas das marés, que podem chegar até 12 metros de amplitude. Segundo estudos, o peixe é um dos principais alimentos das onças, fazendo parte de mais de 50% da dieta, e podendo ser também um dos motivos pelos quais tantas onças podem conviver, já que são animais altamente territorialistas.
Na unidade de conservação, a pesca, assim como outras práticas de uso direto dos recursos naturais, estão proibidas. Atualmente, apenas pesquisadores, fotógrafos e estudantes de iniciação científica podem visitar a área, desde que possuam autorização prévia do ICMBio. Segundo Iranildo Coutinho, a ideia é receber mais visitantes, mas primeiro é preciso melhorar a infraestrutura da unidade de conservação.
Utilizando recursos de compensação destinados à construção de uma nova base, a ideia é montar um programa de visitação, com o envolvimento da população que vive no entorno. O analista ambiental diz que a nova base já está em andamento, mas por conta da pandemia, o processo sofreu atrasos, sendo retomado a partir de 2022.
A estação era formada pelas ilhas de Maracá e Jipioca, mas devido ao processo de erosão da região costeira, a unidade de conservação foi de 72 mil hectares para 58 mil. Além disso, a ilha de Jipioca ficou submersa em 2006 pelas águas do rio e do oceano ao redor da região. Já a ilha de Maracá, é dividida entre Maracá Norte e Maracá Sul. A região recebeu o nome de Ilha das Onças-Pintadas devido a quantidade de animais desta espécie que a ilha abriga.
Além das onças-pintadas, Maracá também serve como berçário para a vida marinha, como tubarões e arraias, assim como pescados de alto valor comercial. A região também abriga espécies ameaçadas de extinção, como peixe-boi marinho, boto-cinza e o tamanduá-bandeira.
O chefe da unidade ressalta que tem buscado sensibilizar e contar com o apoio da população no entorno da região, buscando apoiar a pesca sustentável assim como beneficiá-las em possíveis atividades de turismo que venham a acontecer.
Hoje, dia 29 de novembro, comemora-se o Dia Nacional da Onça-Pintada. A data foi concretizada pelo Ministério do Meio Ambiente em 2018. O Brasil possui a maior população dessa espécie, que é considerado o maior felino da América Latina. Apesar disso, a onça-pintada sofre ameaça de extinção por conta da invasão do seu habitat pelos humanos. Conservar a onça-pintada é também manter o equilíbrio de florestas, biodiversidade, e toda a natureza.