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Conheça a história de Nina, uma cachorrinha que foi adotada por toda uma rua

25 de julho de 2014
4 min. de leitura
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Nina chegou à rua com uma série de doenças e foi tratada com a ajuda dos moradores. Foto: Carolina Braga/Esp DP/D.A Press
Nina chegou à rua com uma série de doenças e foi tratada com a ajuda dos moradores. Foto: Carolina Braga/Esp DP/D.A Press

Há seis meses, ela chegou à rua Rodrigues Sete. Filhote, estava machucada pelo abandono e pela crueldade, além da agonia da coceira provocada pela sarna. Era uma tarde de domingo quando a cadelinha Nina, sem raça definida, foi acolhida, aquecida e alimentada pelo segurança de algumas casas da rua, localizada no bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, Marcelo Ferreira. Depois dos primeiros cuidados, vários residentes da rua também passaram a alimentar e dar carinho à nova moradora.

Vestida com uma guia rosa, Nina também tem uma casinha branca de madeira com uma almofada bege dentro e um plástico forrado fora, para mantê-la aquecida em dias de chuva. Na calçada, duas tigelas, uma com água e outra com ração, terminam de compor o espaço feito para ela. Para o banho, xampu e perfume. Depois, é enxugada em uma toalha verde. A limpeza é feita utilizando a mangueira do vizinho da frente da casinha de Nina.

“Eu amo cachorros e gosto muito dela. Quando chegou aqui precisando de ajuda, nem hesitei em dar carinho. Como alguém pode abandoná-la desta forma?”, indaga Marcelo. Nina estava com um olho e uma pata machucados quando chegou na rua. Hoje, só enxerga de um lado. Já foi vacinada e vermifugada.

O segurança Marcelo Ferreira toma conta de Nina, que tem sua própria casinha na calçada. Foto: Carolina Braga/Esp DP/D.A Press
O segurança Marcelo Ferreira toma conta de Nina, que tem sua própria casinha na calçada. Foto: Carolina Braga/Esp DP/D.A Press

“Todos começaram a ajudar por conta da minha dedicação a ela, mas agora todos cuidam porque adoram ela, se apegaram. Eu não teria condições financeiras de criá-la sozinho, então é muito bom e importante o amparo dos moradores”, completa.

Assim como Marcelo, muitas pessoas não têm condições de criar um animal, então se juntar com os vizinhos e alimentar e cuidar de um animal abandonado pode ser uma saída. São os chamados animais comunitários.

No Recife, cerca de 60 mil gatos e 40 mil cachorros estão nas ruas em estado de abandono, segundo dados da Secretaria-Executiva dos Direitos Animais (Seda) da prefeitura. “Arrumar lar para todos os animais abandonados é complicado, então os animais comunitários são muito importantes.

Vale lembrar que não existe nenhuma política que incentive este tipo de adoção em Pernambuco”, resume o presidente da ONG Brala, Luiz Leoni. De acordo com a assessoria de imprensa da Seda, nenhuma ação ou campanha sobre o tema está prevista.

Segundo o ativista, existe uma falta de interesse do poder público em gastar dinheiro com a higiene e saúde dos animais abandonados, o que torna o abandono um problema de saúde pública. “Um cachorro ou gato vermifugado, vacinado e castrado não traz risco à população, ao contrário, só dá alegria. Precisam ser realizadas mais campanhas dentro dos bairros e comunidades levando essa possibilidade de saúde para os animais.”

Alimentação e remédios são fornecidos por moradores. Foto: Carolina Braga/Esp DP/D.A Press
Alimentação e remédios são fornecidos por moradores. Foto: Carolina Braga/Esp DP/D.A Press

A ausência de ações como essa está em desacordo com a lei estadual 14.139 de 2010, na qual é de responsabilidade do executivo regulamentar ações sanitárias que controlem a reprodução de cães e gatos.

A lei também estabelece que os animais comunitários sejam esterilizados e registrados e depois devolvido à comunidade, depois da assinatura de um termo por um cuidador principal. O que não acontece na prática.

Pelo Brasil

Estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul têm leis de regulamentação dos animais comunitários. A prefeitura de Curitiba mantém o projeto Cães Comunitários, que monitora cachorros moradores de terminais e estações de ônibus com um tutor responsável pela alimentação e água do cão, além de informar aos veterinários do programa quando o animal estiver doente.

No Rio Grande do Sul, a lei 13.193, de 2009, determina que o animal reconhecido como comunitário deve ser esterilizado, identificado, registrado e devolvido à comunidade. No estado, “considera-se animal comunitário aquele que estabelece com a comunidade em que vive laços de dependência e de manutenção, ainda que não possua responsável único e definido.”

Para cães e gatos comunitários cariocas cadastrados na prefeitura é garantido pela lei 4.956 de 2008, o atendimento médico veterinário e esterilização gratuitos. No estado de São Paulo, a lei 12.916 de 2008, garante por lei o controle da reprodução de cães e gatos e também regulamenta o cuidado com animais comunitários.

Fonte: Diáro de Pernambuco

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