Por oito anos, um SRD caramelo, que recebeu nome de Bartolomeu e carinhosamente foi apelidado de Bartô, fez parte do cotidiano dos militares do Corpo de Bombeiros de Itaúna. Nesta semana, o cão comunitário, que tinha até armário dentro do quartel, foi vítima de um possível envenenamento e morreu.
A história cheia de curiosidades de Bartô, que foi tão amado e cuidado na corporação, é um símbolo de inspiração. Além das lembranças de um cão alegre e amoroso, Bartolomeu deixou muita saudade entre os militares, que disseram estar de luto e prestaram homenagear ao companheiro nas redes sociais.
História de Bartô
Bartô ganhou o coração dos bombeiros após atitudes curiosas. Segundo a cabo Luciana Nogueira, há oito anos, todas os dias, sempre no mesmo horário, por volta das 17h30, o SRD surgia de algum lugar e correndo, quase galopando, entrava no quartel do Corpo de Bombeiros de Itaúna para passar a noite.
Como gesto de cuidado, os militares nunca o expulsaram do local e a cada dia, o laço entre ele e a guarnição se estreitava.
“Ele foi chegando de mansinho, recebendo um pouco de comida daqui, um carinho dali até que se tornou o Bartolomeu, nosso Bartô. E assim ele foi ganhando espaço no nosso quartel e em nossos corações, com direito a ter até um armário junto com os nossos, na prontidão de incêndio”, lembrou.
Sentinela
Com o passar dos dias, mesmo sem saber a importância da função e sem receber nenhum tipo de adestramento, Bartolomeu assumiu o posto de sentinela – soldado que guarda o posto.
Ao anoitecer, ele sempre mantinha o estado de alerta e, às vezes, quando avistava alguma movimentação estranha, até colocava algumas pessoas para correr, como contam os bombeiros.
Como todo bom cachorro, de vez em quando, Bartolomeu corria atrás de motociclistas, mas sempre parava quando algum dos militares chamava a atenção dele.
“De uma forma curiosa ele aprendeu a distinguir uma moto comum de uma moto policial e dessas ele não corria atrás. Da mesma forma que ele sabia a diferença de um carro de passeio para uma viatura”, disse.
Deste modo, o cãozinho permitia a entrada de militares e mantinha afastados os estranhos. E era assim que Bartô cumpria sua missão de sentinela: com maestria.
“Enquanto nós cuidávamos dele, ele nos protegia todas as noites, e de vez em quando passava durante o dia pra nos dar um olá. Quem já veio ao nosso quartel ou passou pelas proximidades provavelmente já viu este carinha gente fina”, destacou.
Morte
Com rotina já estabelecida, os militares chegaram na última terça-feira (31) e esperavam ver o cãozinho Bartô, mas isso não ocorreu. Em uma pequena volta nas proximidades do quartel, Bartô foi encontrado por um dos militares; mas sem vida. Morreu onde serviu fielmente por oito anos. Morreu onde recebia amor, carinho e onde será sempre lembrado.
A morte ainda é um mistério, mas de acordo com um veterinário que fez uma análise, Bartolomeu pode ter ingerido algum alimento envenenado. Não foi possível saber como isso ocorreu e a morte dele segue em apuração. A única certeza entre todos os militares, sem exceção, é a saudade que Bartô vai deixar.
“A morte de Bartô causou uma comoção muito grande entre todos nós. Com muita tristeza em nossos corações, nos despedimos do nosso amigo. Talvez agora ele esteja lá cuidando dos portões do céu, ou deitado na nuvem mais fofa, assim como era a sua caminha aqui. Desejamos um descanso de paz ao Bartô, de onde ele estiver que saiba que foi um bombeiro e estará sempre em nossos corações”, finalizou a cabo Luciana.
Fonte: G1