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MINAS GERAIS

Conflito em Uberaba: retirada de gatos do Instituto Espírita levanta questionamentos legais e éticos

21 de dezembro de 2024
Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Reconhecida recentemente como Geoparque Mundial da Unesco, Uberaba, no Triângulo Mineiro, tem chamado a atenção não apenas por seu prestígio internacional, mas também por denúncias de maus-tratos e perseguição a animais em situação de rua.

O mais recente caso envolve gatos que habitam as dependências do Instituto Maria Modesto Cravo, antigo Sanatório Espírita, fundado em 1933.

O local, que foi dirigido pelo Dr. Inácio Ferreira até seu falecimento em 1988, sempre foi um refúgio para felinos. Sob a direção do médico, conhecido por sua sensibilidade em relação aos animais, os gatos passaram a fazer parte do cotidiano da instituição, onde vivem até hoje em uma grande área arborizada.

No entanto, a atual gestora do espaço, a Sociedade Educacional Uberabense (SEU), decidiu, sem prévia comunicação com protetores ou ONGs, remover os animais. Segundo relatos, a ação ocorreu de forma abrupta, à noite, e até o momento não há informações claras sobre o destino dado aos felinos.

A situação gerou revolta entre protetores e ativistas dos direitos animais, que denunciam a crueldade da medida e argumentam que os animais são seres sencientes, capazes de criar laços afetivos com o ambiente e com as pessoas que cuidam deles.

A retirada desses gatos, alertam especialistas, pode condená-los a situações de risco ou até mesmo à morte.

Legislação em defesa dos animais

A legislação brasileira reconhece os direitos animais e protege sua permanência nos locais onde vivem e aos quais estão adaptados. Retirá-los arbitrariamente pode ser interpretado como uma violação da Lei Federal nº 9.605/98, que dispõe sobre crimes ambientais, e das jurisprudências que tratam os animais como sujeitos de direitos.

Além disso, há o aspecto terapêutico a ser considerado.

Estudos comprovam que a presença de animais, especialmente em instituições voltadas ao cuidado de pacientes com enfermidades mentais, como depressão e esquizofrenia, traz inúmeros benefícios. Os gatos, que há décadas convivem com os funcionários e pacientes do Instituto, desempenham um papel importante nesse cenário.

Reações e mobilização

A decisão da SEU gerou intensa mobilização em Uberaba, com protetores de animais e ONGs locais exigindo explicações e pedindo que os gatos sejam mantidos no Instituto.

A advogada Lourdes Machado do GAAV – Grupo de Advocacia Animalista Voluntária declarou que lutará para garantir a permanência dos animais. “A contradição entre o título de Geoparque da Unesco, que pressupõe um compromisso com a conservaçã, e a negligência para com a proteção dos animais da cidade é um absurdo”.

Protetores e ativistas esperam que a SEU, também mantenedora de uma faculdade de Medicina Veterinária, reveja sua postura, promovendo o cuidado adequado aos felinos, e garantindo sua permanência no Instituto Maria Modesto Cravo.
Apelo à compaixão

O caso dos gatos do Instituto Maria Modesto Cravo é mais do que uma questão local; é um alerta sobre a necessidade de tratar os animais com respeito e dignidade, especialmente em espaços que, historicamente, simbolizam cuidado e acolhimento.

A comunidade espera que a SEU demonstre responsabilidade e sensibilidade, revertendo a decisão e adotando medidas que conciliem o bem-estar animal com os valores que um Geoparque da Unesco deve representar.

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