Marcia Voss, de 52 anos, tutela 11 animais. São oito cachorros e três gatos. Moradora do Rio Vermelho, no norte da Ilha, há dois anos ela conheceu o serviço de castração gratuito oferecido pela prefeitura de Florianópolis. Graças a isso, conseguiu esterilizar seus animais e ajudar a vizinhança a castrar todos os animais da comunidade.
— Se não fosse este serviço, com certeza não teria como castrar todos numa clínica particular, que custa de R$ 200 pra cima, fora a medicação. Sem falar que teríamos o triplo de animais do que tem na rua hoje — diz.
Tamiris Sacramento dos Santos, 28, nunca tinha ouvido falar que o município possui um centro especializado de castração de animais. Ela só soube após ver um cartaz colado em um ponto de ônibus no bairro Monte Verde, informando que a carrocinha passaria pelo local para esterilizar os animais. Ela não perdeu tempo e logo inscreveu a cadelinha Atena, de dois anos.
— Acho muito bom, porque os animais sofrem muito. A minha cachorrinha eu ganhei, ela já tinha tido uma cria e há dois meses teve mais quatro filhotes. Consegui doar, mas não tem como ela ter mais filhotes, por isso vou castrar.
Da mesma forma pensa Rosemeri Vargas Brum, 51. Ela tem duas gatas dentro de casa, mas relata que toda a rua onde mora é cheia de animais que não estão castrados. Se pudesse, ela cuidaria de todos.
— Tem muito gato na minha rua, a gente tem dó porque vemos eles gritando e brigando. Se eu pudesse pegar todos, eu traria para castrar — conta.
CONTROLE POPULACIONAL E BEM-ESTAR ANIMAL
A castração é importante por vários motivos. Fabrícia Rosa Costa, diretora da Diretoria de Bem-Estar Animal (Dibea) de Florianópolis, explica que um deles – e o objetivo principal do município – é o controle populacional dos animais, pois a esterilização impede que os animais procriem.
— Além disso, é eficaz para o controle das zoonoses, doenças transmitidas para os seres humanos. Para o animal é importante porque evita doenças como câncer de mama e próstata. É uma questão de saúde pública.
Para ajudar os leitores, a Hora traz um guia sobre o serviço de castração oferecido pelos municípios da Grande Florianópolis. Todos são gratuitos, mas em algumas cidades é disponível apenas para famílias de baixa renda. Em Florianópolis e Biguaçu é aberto à toda a população, independente da renda. Confira.
FLORIANÓPOLIS
Na Capital, desde 2005 os moradores podem castrar seus animais de forma gratuita. Para isso, é preciso ir até a Diretoria de Bem-Estar Animal (Dibea) entre 8h e 17h, levar documento de identidade e comprovante de residência no nome da pessoa (conta de luz, água, telefone, cartão de crédito ou contrato de aluguel). Não é preciso comprovar renda, mas é obrigatório ser morador de Florianópolis.
— A intenção é castrar o máximo de animais no município, por isso não é levado em conta a renda — explica Fabrícia.
Após o cadastro, a pessoa já marca o dia da castração, no entanto, o tempo de espera gira em torno de seis meses. Fabrícia informa que por dia são feitas entre 24 e 30 castrações de cães e gatos na Dibea. O tutor leva o animal na data marcada às 8h e voltar para buscá-lo às 14h. Os veterinários receitam os medicamentos para o pós-operatório, que dura cinco dias, o que é de responsabilidade do tutor do animal.
Ainda há dois projetos paralelos no município para a castração de animais. Um deles é a carrocinha. Todos os meses um bairro de Florianópolis é contemplado com 45 castrações por semana. Neste caso, as cirurgias são voltadas a animais em situação de rua e de famílias de baixa renda que não têm condições de levar o animal até a Dibea.
Fabrícia explica que mais de 50 voluntárias fazem o levantamento e cadastro dos animais do seu bairro. Neste mês, por exemplo, a carrocinha já passou pelo Rio Vermelho e Monte Verde, onde pegou os gatos da Rosemeri e a cachorrinha da Tamiris. Os animais são reunidos pela voluntária, levados até o centro cirúrgico da Dibea, são castrados e retornam à comunidade. O calendário de castrações nos bairros não é divulgado, mas a população fica sabendo com antecedência por meio da divulgação na comunidade. Outro projeto realizado para diminuir a natalidade de animais é o mutirão de castração, que também ocorre nos bairros.
ONDE IR: O Bem-Estar Animal fica na Rodovia SC-401, 114, bairro Itacorubi, e o telefone é o 3237-6890. Todos os serviços são gratuitos.
SÃO JOSÉ
Em São José, as castrações gratuitas acontecem desde junho de 2017. Em um ano, 3.350 animais já passaram pelo centro cirúrgico da Diretoria de Bem-Estar Animal (Dibea) ou pelo Castra Móvel, projeto que leva castração de graça aos bairros mais carentes. Helena Marcia Kretzer, diretora da Dibea, informa que todos os meses são realizadas 400 castrações, sendo 100 no Castra Móvel.
Para conseguir fazer a cirurgia no animal é preciso comparecer na Dibea com o comprovante de residência (é obrigatório morar em São José), CPF, RG e comprovar renda de até três salários mínimos (hoje isso dá R$ 2.862). Apenas a renda do tutor do animal é levada em conta, e não a da família. Após o cadastro, a pessoa recebe um vale-castração para fazer a cirurgia na clínica Projeto Castração, que tem convênio com a prefeitura. A cirurgia geralmente é marcada para a mesma semana. Caso os vales acabem, a pessoa precisa aguardar o próximo mês. O pós-operatório é de responsabilidade do tutor do animal, que precisa medicar seu companheiro durante quatro dias.
Além da castração na clínica, há um caminhão que circula pelos bairros de São José para atender a população mais carente. O Castra Móvel, que pertence à clínica Projeto Castração, realiza 100 cirurgias de cães e gatos mensalmente. A cada mês, ele vai até um dos 12 bairros mapeados e fica o dia inteiro cuidando dos animais. Voluntários e funcionários da Dibea fazem o cadastro das famílias com antecedência, passam orientações e acompanham o trabalho no dia marcado. O próximo bairro a receber o Castra Móvel será a Colônia Santana.
As 60 protetoras cadastradas no município também recebem três vales para castrar animais abandonados que elas encontram e ajudam.
— Com isso, a médio e longo prazo os animais em situação de rua vão diminuir — diz Helena.
ONDE IR: A Dibea fica anexa à Vigilância Sanitária, na Rua Altamiro Di Bernardi, 108, Campinas, e funciona das 8h às 12h e das 13h às 17h. O telefone para contato é o 3348-7778.
PALHOÇA
O Centro de Bem-Estar Animal de Palhoça realiza esterilização gratuita de cães e gatos de famílias de baixa renda desde 2015. Para ter acesso é só procurar a unidade, na Rua Prefeito Nelson Martins, 235, Centro, das 12h às 18h, levando comprovante de residência (precisa ser morador de Palhoça), CPF, RG e comprovante de renda familiar de até 2,5 salários mínimos (isso dá R$ 2.385 hoje). Após o cadastro, a pessoa já marca o dia da cirurgia, que demora entre uma e duas semanas. A castração é feita no centro cirúrgico do Bem-Estar Animal e o único custo que o tutor terá é com o medicamento do pós-operatório. Por dia são realizadas 10 cirurgias.
Segundo o secretário de Defesa do Cidadão, Rodrigo Quintino, a ideia é intensificar as castrações com os mutirões pelos bairros. O primeiro foi realizado em junho por meio de um convênio com o Castra Móvel, da clínica Projeto Castração, quando 200 animais foram esterilizados. A intenção é que o mutirão aconteça a cada três meses.
— Estamos programando o segundo mutirão para ser feito no sul do município, onde, teoricamente, nós temos um índice maior de animais abandonados.
Para participar do mutirão é preciso fazer o cadastro antecipado no Centro de Bem-Estar Animal. A pessoa recebe um vale para levar o animalzinho no dia do mutirão.
ONDE IR: O Centro de Bem-Estar Animal de Palhoça fica na Rua Prefeito Nelson Martins, 235, no Centro, e atende das 12h às 18h. O telefone para contato é o 3286-7527.
BIGUAÇU
Biguaçu também tem castração gratuita para toda a população e a única exigência é ser morador da cidade e estar em dia com a vacinação do animal. Para ter acesso ao procedimento é preciso fazer um cadastro no Centro de Castração de Biguaçu (Cecab). É só levar comprovante de residência, documento de identidade e a carteirinha de vacinação do animal. A equipe do Cecab entra em contato por telefone para agendar a data da cirurgia. O tempo médio de espera é de dois meses.
O Cecab realiza, em média, seis castrações por dia ou 1,2 mil procedimentos por ano. Além disso, ainda atende os animais em situação de rua levados por protetores que atuam em projetos de adoção consciente.
ONDE IR: Centro de Castração de Biguaçu (Cecab), na Rua São José, ao lado do posto de saúde do Centro, de segunda a quinta-feira, das 13h às 17h. O telefone para contato é o 3039-8462.
Fonte: Hora de Santa Catarina
