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ESTUDO

Confinados e expostos para entrenimento, animais do zoo de BH contraíram coronavírus de humanos

3 de dezembro de 2024
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), publicado na revista Virology Journal , detectou o vírus SARS-CoV-2 em mamíferos selvagens selvagens no Zoológico de Belo Horizonte. Uma investigação, realizada entre novembro de 2021 e março de 2023, revelou que 19,1% dos 47 animais testados foram infectados, com a transmissão simultaneamente diretamente de humanos para os animais.

A pesquisa aponta que os animais infectados incluem espécies emblemáticas, como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), o gamo (Dama dama) e o gorila-das-planícies-ocidentais (Gorilla gorilla gorilla), nos quais foram identificados como variantes alfa e ômicron do coronavírus. Essa transmissão humano-animal evidencia os perigos inerentes ao contato entre animais em cativeiro e seus tratadores, uma dinâmica que reforça os riscos da manutenção de zoológicos para o bem-estar animal e a saúde pública.

O estudo também sugere que animais confinados podem atuar como reservatórios para mutações do vírus, tornando-se potenciais fontes de novas variantes. “Essas descobertas ressaltam a urgência de estratégias integradas de saúde pública, incluindo o monitoramento da vida selvagem para prevenir o avanço de doenças infecciosas emergentes”, afirmaram os autores.

A análise genética do vírus nos animais mostrou forte proximidade com amostras humanas, destacando a vulnerabilidade dos animais em ambientes artificiais como zoológicos. Tais condições, que impõem estresse estressante e confinamento extremo, não apenas comprometem a saúde física e emocional dos animais, mas também favorecem a disseminação de patógenos entre espécies.

Com mais de 3.500 animais, de 235 espécies, o Zoológico de Belo Horizonte simboliza o problema dos zoológicos em geral: espaços que, sob a justificativa de conservação, expõem seres sencientes a condições incompatíveis com suas necessidades naturais. Para ativistas em defesa dos direitos animais, o estudo reforça a urgência de transitar de um modelo baseado no cativeiro para a criação de santuários que respeitem a dignidade e a saúde dos animais.

A detecção do SARS-CoV-2 é mais uma evidência dos impactos contratados dos zoológicos e um chamado à reflexão sobre o futuro ético da convivência humana com os animais.

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