Original em Inglês no site da Humane Society of the United States
A Humane Society of the United States (HSUS) é a primeira organização a conduzir um estudo nacional examinando a predominância de violência humana em situações que envolvem crueldade contra animais.
O estudo da HSUS, conduzido de Janeiro a Dezembro de 2000, aponta números de pessoas que maltraram animais, tipos de animais maltratados e incidentes de violência em família nos casos mais comuns de crueldade contra animais, nos Estados Unidos.
Os resultados de um ano de estudo, descritos abaixo em detalhes, mostram que um número extremamente alto de de casos de crueldade intencional foram cometidos por adolescentes do sexo masculino, com idade inferior a 18 anos. Além disso, a pesquisa mostra que grande número de casos de crueldade intencional contra animais, também envolvem algum tipo de violência familiar, seja violência doméstica, maus tratos contra crianças ou idosos. A HSUS compilou informações de 1624 casos de crueldade contra animais que ocorreram nos EUA no ano de 2000. Os relatos são de fontes bem documentadas, como a mídia e associações protetoras de animais locais. Desses casos, 922 envolvem violência intencional e 504 envolvem extrema negligência. O que se segue é uma avaliação do número de pessoas que cometeram maus-tratos, tipos de abusos, outras formas de violência e número de pessoas que cometeram crueldade intencional.
Quem são os Autores dos Crimes?
Os do sexo masculino são responsáveis por 76% dos casos no geral e 94 % dos casos de crueldade intencional. Enquanto mulheres são responsáveis por apenas 24% do total, elas são resposáveis por 24% dos casos de severa negligência, incluindo 68% de casos de pessoas que criam muitos animais juntos. Em casos de crueldade contra animais proposital, a maioria dos infratores era do sexo masculino e a maioria estava na faixa de menos de 18 anos: 31% cometido por adolescentes com idade inferior a 18 anos ( 94% por adolescentes do sexo masculino); 4 % cometido por crianças com idade inferior a 12 anos. Existe uma conexão entre crueldade contra animais e violência humana? Quase um quarto de todos os casos de crueldade contra animais proposital, envolve alguma forma de violência familiar.
Violência doméstica foi a forma mais reportada, seguida por abusos contra crianças e pessoas idosas. 21% dos casos de crueldade contra animais intencional também envolvem alguma forma de violência familiar. 13% envolvem violência doméstica. Nesses caso, o culpado abusa do parceiro ou cônjuge, forçando a vítima a testemunhar atos de crueldade contra animais. 7% diz respeito a abusos contra criancas.Nesses caso o culpado abusa de suas crianças e (ou) forca a vítima a testemunhar atos de crueldade contra animais. 1% envolve abuso de idosos. Nesses casos, o culpado abusa do idoso e ou força a vítima a testemunhar atos de crueldade contra animais.
Quem são as vítimas?
Animais domésticos são os alvos mais frequentes de crueldade, principalmente os cães ( 76% de todos os animais de companhia) que são comumente mais relatados que casos de crueldade contra gatos (19% de todos os animais domésticos). Esse número baixo de incidências, não corresponde ao que dizem os que trabalham na causa e isso sugere que o público, a mídia e os reforços das Leis, parecem dar menos importância para casos de crueldade contra gatos, que para casos que envolvem crueldade contra cães. O que se segue é uma análise dos animais vítimas de crueldade neste estudo: 76% dos casos envolvem animais de companhia. 12% dos casos envolvem animais de fazendas. 7% dos casos envolvem animais selvagens. 5% dos casos envolvem múltiplos tipos de animais. Que tipo de crueldade é cometida contra animais? Mais de 57% dos casos revistos foram caracterizados como abuso intencional ou tortura, 31% envolvem negligência extrema, incluindo deixar o animal passar fome e sem cuidados básicos, e 12% envolvem ambos, negligência e crueldade direta.
Nos casos de crueldade contra animais intencional, as ofensas mais comuns são tiros, espancamento, arremesso do animal e (ou) mutilação. 33% dos caso envolvem tiros 14% dos casos envolvem espancamento 8% dos casos envolvem arremesso do animal 8% dos casos envolvem mutilação 6% dos casos envolvem queimaduras 6% dos casos envolvem envenenamento 5% dos casos envolvem facadas 4% dos casos envolvem rinhas 4% dos casos envolvem chutes 2% dos casos envolvem sexual abuso contra animais 2% dos casos envolvem afogamento 2% dos casos envolvem enforcamento 6% dos casos envolvem outras formas de violência intencional
Quantos animais são afetados?
Fica impossível dizer quantos animais sofrem ou estão em risco de serem vítimas de crueldade, porque no momento não há no País um sistema de reforço de leis ou mesmo entidades pra monitorar todos os casos. Entretanto, no exemplo dos casos revistos nessa pesquisa, uma média de 3.4 animais foram vitimizados em casos de negligência. Na maioria (63%) os animais foram mortos ou tiveram que ser sacrificados devido ao resultado de seus ferimentos. O relatório da HSUS corrobora com a mais recente pesquisa sobre a conexão entre crueldade contra animais e violência humana. Apesar de ser este o primeiro estudo nacional para analisar a prevalência de violência humana em casos de crueldade contra animais, nas últimas duas décadas psicólogos, sociólogos e criminilogistas têm conduzido diversos estudos para examinar a extensão de casos de cruedade contra animais em casos de violência em família.
Interesse antigo na conexão entre crueldade contra animais e violência humana foi inspirado por casos contados pelo povo, compilados pelo FBI e outras agências criminalistas ligando assassinos seriais, estupradores seriais e assassinos estupradores a atos de crueldade contra animais antes da idade de 25 anos. Muitos desses casos, incluindo reportagem onde houve alegação de maus tratos a animais por David Berkowitz e Jeffrey Dahmer, têm sido amplamente divulgados pela mídia e trazido conscientização do público sobre a conexão entre violência humana e violência contra animais.
Entretanto, recentes estudos e pesquisas constatando a incidência de crueldade contra animais onde há casos de violência familiar, nos provê com evidências mais concretas. Em 1995 pesquisadores entrevistaram uma pequena amostra de vítimas de violência doméstica que procuravam abrigo em Utah e descobriram que 71 % das que tinham animais domésticos receberam ameaças de seus agressores maltratarem ou matarem os animais da família. Estudos mais completos em 1997 e 2000, nos EUA e Canada, corroboraram essas descobertas e examinaram o efeito que essas ameaças têm no sentido de evitar que a vítima saia dessa relação familiar abusiva.
Pesquisas relacionadas a esses estudos revelam que mais de 20% das vítimas de violência doméstica afirmam terem adiado sair de uma relação afetiva abusiva, temendo a segurança dos animais domésticos. Em resposta a essa constatação, associações de bem estar animal começaram a fazer parcerias com as agências que atendem casos de violência doméstica, no sentido de desenvolver programas que propiciam abrigo emergencial temporário para os animais domésticos de vítimas de violência doméstica.
Similar aos casos de violência doméstica, os que abusam de crianças frequentemente o fazem com animais para exercitar seu poder de controle sobre a criança .Em alguns casos forçam crianças a atos sexuais com animais ou exigem que elas matem o animal doméstico favorito , a fim de chantageá-las para que mantenham os abusos como um segredo de família. Geralmente apenas a ameaça de machucar um animal da criança é suficiente para fazer com que ela se cale em relação às agressões que sofre.
Um estudo realizado em 1983 referente ao New Jersey Division of Youth and Family Services for Child Abuse descobriu que 88% das familias que têm animais domésticos com histórico de abuso fisico, pelo menos uma pessoa cometeu crueldade contra animais. Em 2/3 dos casos o agressor é um dos pais. Entretanto em 1/3 as próprias crianças se tranformam em agressores, muitas vezes imitando a violência que viram ou experimentaram, usando o animal como a vítima.
Recomendações da Humane Society of the United States: Leis & Soluções para a Comunidade
Enquanto o estudo da HSUS é apenas uma amostra de milhares de casos de crueldade que as associações, os canis municipais e a polícia encontram a cada ano, os resultados do estudo nos dá um melhor entendimento de como crueldade contra animais se encaixa dentro de problemas maiores da comunidadde e da violência em família. A alta porcentagem do envolvimento de adolescentes em atos intencionais de crueldade e a prevalência da violência em família em muitos dos casos de crueldade contra animais, sugerem a necessidade de leis e soluções na comunidade, para crueldade contra animais e violência humana.
Nos últimos anos a conscientização do público e de profissionais sobre essa conexão aumentou devido a pesquisas e muitos casos estudados. Como resultado, muitas áreas do país já comecaram aa ajustar leis sobre crueldade contra animais e estão desenvolvendo programas inovadores junto às comunidades designados a reduzir violência. 31 estados e o Distrito de Columbia elaboraram projetos de lei ” felony level” (felony= mesmo nível de crime dos que cometem assassinato ou estupro. Sujeito a sentença severa por cometer crime considerado grave) e a maioria foi aprovada nos últimos anos.
Muitos Estados também aprovaram leis exigindo avaliação psicológica e terapia para os que são presos por cometerem crueldade contra animais. Neste ano ( 2001) 18 estados estao trabalhando em leis contra crueldade (felony) melhorando as que já existem, no sentido de fazer com que esse tipo de crime seja considerado crime passível de sentenca pesada. Em adição, cinco estados -Florida, Virginia, Arizona, South Carolina and Massachusetts- introduziram leis que obrigam as denúncias de crueldade contra animais que chegam aos órgãos de controle Animal ( canis municipais e abrigos), sejam estudadas em conjunto com denúncias contra crianças que chegam aos servicos especializados de proteção a elas.
Além dos esforços em relação à legislação, muitas comunidades americanas já estão desenvolvendo programas anti-violência que têm a intenção de prevenção, usando a conexão violência contra animais/ violência contra humanos, para identificar e dar assistência a animais e humanos vulneráveis à posicao de vítimas. Departamentos de polícia, grupos de assistência social, abrigos para vítimas de violência doméstica, educadores e outros grupos anti-violência estão trabalhando em conjunto com entidades de bem-estar animal, desenvolvendo interatividade no sentido de reduzirem violência doméstica e crueldade contra animais. Muitos desses programas se utilizam de comparações de relatos entre organizações ( que cuidam de crianças, animais e casos de vilência em família) , trabalhando no sentido de encontrar uma solução conjunta.
Talvez o meio mais eficaz de se combater crueldade contra animais e violência humana seja a prevenção. A maioria dos maus tratos infligidos a animais e a humanos, é motivado por medo, ignorância e inabilidade de se ter empatia pelas necessidades e sentimentos de outros. Educação humanitária pode ser essencial para se introduzir o conhecimento de valores que podem ajudar a prevenir crianças de começarem a percorrer um caminho destrutivo. Esses esforços nao podem desfazer gerações de abusos, mas eles podem ser um significado efetivo no sentido de quebrar o ciclo de violência em familia, de uma geração para outra. Texto original no site da Humane Society of the United States http://www.hsus.org
Fonte: Apasfa