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A nossa condição

20 de novembro de 2013
2 min. de leitura
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Em poucos dias, duas colegas – uma americana e uma brasileira – tiraram as suas próprias vidas devido à pressão e à depressão que este trabalho envolve. São notícias muito tristes e os meus pensamentos vão para estas duas guerreiras e para as suas famílias. Que descansem em paz e que ninguém as julgue pelo que fizeram, pois só alguém muito desesperado e afectado chegaria àquele ponto e não é justo julgar o seu sofrimento.

Se as minhas palavras e a minha experiência de dez anos (não é muito tempo, mas é o que tenho) puderem servir de algo, gostaria apenas de dizer que, muito embora os dias tristes e escuros sejam comuns, eles não são únicos. É verdade que os sentimentos de tristeza, desilusão e frustração são diários e são avassaladores, contudo, é fundamental que procuremos apoio (profissional ou não, pois cada caso é único) para lidarmos com as nossas emoções e as gerirmos da forma mais equilibrada e saudável possível.

Ninguém nos disse que este trabalho era fácil e ninguém nos obrigou a escolhê-lo. Não há dias simples nem há dias sem más notícias, mas cabe-nos escolher no que nos concentramos; se nas desgraças, se na tentativa de solucioná-las. Não é fácil aceitar a nossa falibilidade, mas é possível, desde que tenhamos apoio e nos foquemos no objectivo que pretendemos atingir. É um caminho que eu própria tento percorrer e quero atingir. Eu não quero ser uma vítima, eu quero ajudar as vítimas! Na verdade, só poderei ajudar as vítimas com as quais me deparo se tiver bagagem e força suficientes para superar as emoções negativas que me inundam e ver para além delas. A força vai-se buscar às pequenas vitórias: um animal que se recupera, uma morte que se evita, uma pessoa que se educa, uma lei que se muda. Não quero ver-me como uma mártir, alguém que abdicou da sua vida para ajudar os outros e que sofre com isso. Quero ser alguém que apenas cumpre a escolha que fez e que tenta fazê-lo da melhor maneira possível a cada momento, sempre aprendendo e melhorando.

Não tenha vergonha de pedir ajuda; ninguém sobrevive sozinho! Aceite a sua humanidade e a sua vulnerabilidade e use-as como parte da sua força em vez de vê-las como fraqueza. É preciso coragem para se pedir ajuda!

Quanto mais nós sofrermos menos capacidade teremos de aliviar o sofrimento dos outros.

Reflicta um pouco acerca disto, por favor. Faça-o como uma homenagem às activistas cujas vidas se perderam e como um presente para si e para os animais que representa.

Este texto foi escrito em Português de Portugal e sem recurso ao Acordo Ortográfico.

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