Por Juliana Meirelles (da Redação)
São 7.800 quilômetros quadrados de folhas e geleiras e vulcões que configuram um dos ecossistemas mais ricos do mundo, com 216 espécies selvagens impossíveis de encontrar em outros lugares do mundo. No entanto, a riqueza natural do Parque Virunga, o mais antigo parque nacional na África e um Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, tem a ver com a riqueza econômica que pode existir em suas terras, algumas supostas reservas de petróleo que o governo congolês abriu à exploração internacional. As informações são do euroXpress.
Até agora, apenas o britânico Soco International PLC anunciou planos para começar a sondagem em Virunga e a sondagem aérea poderia começar em breve. Grupos ambientalistas, incluindo especialmente a WWF, que trabalha há décadas na área, veem nisso o prelúdio de um desastre ecológico e atacaram com as mesmas armas: o valor econômico.
A WWF publicou uma notícia, “O valor econômico do Parque Nacional de Virunga”, que revela que este território poderia gerar mais de 800 milhões de euros se explorado de maneira sustentável ao invés de perfurá-lo em busca de petróleo.
O estudo explica que o Parque Nacional tem o potencial de criar 45 mil empregos permanentes criando um modelo de funcionamento sustentável baseado em investimentos, como energia hidrelétrica e ecoturismo.
“Virunga é o parque mais antigo e rico em biodiversidade na África, além de ser um recurso valioso para a República Democrática do Congo. Planos para procurar e explorar as reservas de petróleo ameaçam o extraordinário valor e futuro do parque”, disse o secretário-geral da WWF Espanha, Juan Carlos del Olmo.
Junto ao estudo, a WWF acaba de lançar uma campanha, SOS Virunga, em escala internacional, para exigir que a petrolífera pare com seus planos. A ONG criou uma petição online para que todos possam assinar mostrando sua oposição à exploração de petróleo natural. Em junho passado, o Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO, já ordenou o cancelamento de todas as autorizações para a exploração de petróleo em Virunga, e pediu aos licitantes (as companhias petrolíferas Total e Soco) que não realizem suas atividades em locais considerados Patrimônio da Humanidade pela organização.
A grande reserva de vida selvagem do planeta
A cientista Dian Fossey fez o mundo inteiro olhar para Virunga. O filme homenagem a seu trabalho e sua vida dedicada a proteger o habitat do gorila da montanha colocou na agenda política e social esta espécie à beira da extinção que conseguiu sobreviver graças a décadas de programas de conservação e campanhas. Hoje, esses “Gorilas das Montanhas” se veem novamente ameaçados.
Virunga é uma das maiores áreas selvagens do mundo. Entre sua rica vida selvagem se encontram 25% de todos os gorilas de montanha que sobrevivem em liberdade, 700 espécies de aves, 109 espécies de répteis e 78 espécies de anfíbios. Além disso, em Virunga vivem 216 espécies de animais e 141 de plantas que não se encontra em nenhum outro lugar do mundo.
A procura de petróleo não só ameaça o equilíbrio entre estas espécies como pode ter consequências devastadoras para as comunidades locais que dependem do parque para alimentos e pequena economia, para conseguir peixes, água potável, madeira… De acordo com o relatório da WWF, os recursos gerados pelo parque são os meios de subsistência de mais de 50.000 pessoas.