Enquanto a Itália revoluciona o transporte aéreo de animais, o Brasil ainda trata cães e gatos como bagagem. É hora de uma mudança cultural que reconheça os animais como membros da família.
A decisão da companhia aérea italiana ITA Airways de permitir que cães de grande porte viajem na cabine com seus tutores marca um novo capítulo na relação entre humanos e animais. O voo histórico, realizado entre Milão e Roma, teve dois cães acomodados ao lado de seus tutores, sem caixas de transporte, sem estresse, e com conforto. Eles compartilharam o assento com seus nas primeiras e últimas fileiras do avião.
Com essa iniciativa, a companhia se torna a primeira na Itália a aplicar as novas disposições que permitem aos passageiros voar com seus animais de grande porte na cabine.
Desde junho de 2024, a ITA Airways já havia implementado mudanças em suas normas, ampliou o espaço a bordo em voos nacionais e aumentou o peso permitido para animais.
O presidente da companhia aérea, presente no voo, afirmou sentir-se “realmente orgulhoso” por a empresa estar na vanguarda da Europa. “Não se trata apenas de uma nova oportunidade comercial ou de uma mudança operacional, mas de uma verdadeira revolução cultural que coloca no centro o respeito, o cuidado e a inclusão”, declarou.
No Brasil, no entanto, as companhias aéreas ainda estão presas a uma lógica ultrapassada. Cães, especialmente os de médio e grande porte, continuam sendo obrigados a viajar em compartimentos de carga, sujeitos a ruídos intensos, mudanças bruscas de temperatura e, muitas vezes, situações de extremo sofrimento e risco à vida. Casos de mortes e desaparecimentos de animais durante voos não são frequentes e continuam sendo tratados como “incidentes isolados”. É hora de mudar.
As companhias aéreas brasileiras precisam assumir uma postura mais humana, alinhada ao avanço internacional e às novas demandas da sociedade
Iniciativas como a da ITA Airways mostram que é possível adaptar aeronaves, criar áreas específicas na cabine e estabelecer protocolos de segurança e higiene que garantam conforto tanto para os animais quanto para os demais passageiros.
O Ministério dos Transportes e a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) também têm um papel essencial. Assim como fez o governo italiano, é urgente rever a regulamentação e permitir que cães e gatos de todos os portes possam voar junto a seus tutores, de forma segura e digna.
A mudança é não apenas uma questão de modernização, mas de ética e empatia. Animais não são objetos. São seres sencientes, com sentimentos e necessidades próprias. Negar-lhes o direito de viajar com segurança e tranquilidade é perpetuar uma visão ultrapassada e cruel.
O Brasil, que se orgulha de ser um país de amantes dos animais, precisa transformar esse amor em políticas concretas. O exemplo já veio da Europa, agora cabe às nossas empresas e autoridades mostrar que também estamos prontos para voar mais alto em respeito, cuidado e compaixão.