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ADAPTAÇÃO

Como proteger espécies em um mundo muito mais quente

30 de abril de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Até 2075, estaremos vivendo em um planeta muito mais quente, possivelmente de 3 a 5 °C mais quente do que a média pré-industrial. Mas como a humanidade pode ajudar a natureza a melhorar sua resiliência climática nos próximos anos? Jeremy Hance, do Mongabay, encontrou algumas respostas após entrevistar vários conservacionistas.

“Dentro de 50 anos, é totalmente possível que a mudança climática se torne a maior ameaça para muitas espécies no mundo — e, consequentemente, para os ecossistemas em geral”, disse James Deutsch, CEO da ONG norte-americana Rainforest Trust, a Hance.

A conservação no mundo atual, segundo Andrew Whitworth, diretor executivo da organização Osa Conservation, com sede na Costa Rica, precisa de uma abordagem com três frentes: ter mais áreas protegidas como parques nacionais, implementar programas de conservação focados em espécies e construir resiliência climática.

Uma solução para incorporar resiliência climática à natureza é ter “sistemas ecológicos grandes, conectados e bem gerenciados”, disse Jean Labuschagne, diretora de desenvolvimento em conservação da ONG African Parks, a Hance.

Deutsch afirmou que ecossistemas grandes são naturalmente mais resilientes. “Acho que focar nos maiores ecossistemas ainda intactos, especialmente nas grandes florestas tropicais, torna-se realmente importante. O próprio tamanho fornece capacidade de adaptação”, disse ele. O grupo de Deutsch tem concentrado esforços adicionais na Amazônia, no Congo e na Nova Guiné, onde estão três das maiores florestas tropicais do mundo.

O tamanho importa porque ecossistemas e paisagens amplas dão à vida selvagem mais espaço para se mover e buscar novos habitats em caso de seca, enchente ou incêndio, escreveu Hance.

Deutsch disse que é por isso que a iniciativa 30×30 — na qual os países se comprometem a proteger 30% das terras e águas da Terra até 2030 (daqui a apenas cinco anos) — é uma ferramenta importante. Hoje, apenas 17% da superfície terrestre do mundo e 8% dos oceanos estão protegidos.

Além do tamanho, ter variação de altitude também é importante. “É nessas mudanças de elevação que você encontra uma biodiversidade incrível”, disse Whitworth a Hance, citando o Parque Nacional de Manu, na Amazônia peruana, que cobre uma área vasta e inclui tanto terras altas quanto baixas. Ele explicou que, à medida que o planeta continua a aquecer, espécies de regiões temperadas migrarão em direção aos polos, norte ou sul, dependendo do hemisfério, enquanto as espécies tropicais subirão em direção a altitudes mais elevadas.

Por isso, conectar florestas tropicais de baixas altitudes às florestas de altitudes mais elevadas é essencial para a sobrevivência da fauna, acrescentou Whitworth. “Esses são os botes salva-vidas climáticos”, disse ele, citando um artigo de 2019 que concluiu que 62% das florestas tropicais não estão suficientemente conectadas para enfrentar o clima em mudança.

O grupo de Whitworth, Osa Conservation, mudou sua estratégia de plantar árvores nas planícies para buscar áreas que possam servir como corredores climáticos entre as terras baixas e as áreas elevadas da Península de Osa, na Costa Rica.

Além de paisagens grandes e conectadas, a qualidade da gestão também é fundamental, assim como a união da comunidade conservacionista em torno de uma visão mais unificada do mundo futuro, escreveu Hance.

Traduzido de Mongabay.

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