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Como os condomínios pet friendly viraram um negócio animal

Espaços criados especialmente para moradores de quatro patas viraram nos últimos tempos grandes atrativos para compradores de imóveis

12 de maio de 2023
Por Renata Firpo
3 min. de leitura
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Circuito sob medida para cachorros em prédio (Redes sociais/VEJA)

Na imortal Ne me quitte pas, Edith Piaf falava de seu amor pelos cachorros, o mesmo sentimento que seus compatriotas franceses alimentam na sua vida pelos pets, desde há muito tempo. “Deixe-me existir à sombra do teu cão”, diz um trecho da letra. Na música brasileira, vários artistas também prestaram grandes tributos aos bichinhos. Rita Lee, que nos deixou na última segunda, 8, era uma das maiores fãs e ativistas. Na época dos Mutantes, por exemplo, cantou em Vida de Cachorro: “Me lamba o rosto, meu querido, lamba. E diga que também você me ama”.

Na época em que ela gravou essa canção, no início dos anos 70, os cães eram praticamente banidos dos condomínios. A maior parte deles simplesmente proibia a presença dos peludos na área. O cenário mudou completamente por pressão de uma quantidade cada vez maior de brasileiros que adotam pets. Com a decisão por famílias menores, o cachorro alcançou status de filho para muitos casais, com cada vez mais espaço e ganhando uma gama de serviços especializados. Afinal, estamos falando de um nicho que movimenta  60 bilhões de reais por ano no Brasil, segundo dados do IPB (Instituto Pet Brasil) de 2021 e que levou o Brasil a ser o terceiro país do mundo em número de animais domésticos. Durante a pandemia esse número cresceu bastante, pois os bichinhos foram os grandes companheiros do home office.

Com atenção ao tamanho desse mercado, as incorporadoras perceberam a relevância dos animais de estimação, e o marketing de edifícios “pet friendly” passou a ser usado como um grande diferencial para atrair compradores. As empresas passaram a investir seriamente em espaços concebidos especialmente para a diversão da turma de quatro patas. Com a evolução da tendência, surgiram verdadeiros parques de diversões para os bichinhos, com gangorras, túneis e piscinas de bolinhas e de água. Há profissionais especializados na concepção desses lugares e em cuidados específicos para evitar problemas e acidentes, como rampas de acesso e pisos que não esquentam as patas. Além do planejamento de áreas de lazer, muitos empreendimentos oferecem serviços apropriados para esses moradores, como locais para banho, tosa e passeadores. Algumas incorporadoras se associam às marcas reconhecidas desse mercado e entregam serviços assinados pela Zee Dog ou Petz para encantar ainda mais seus clientes.

Para ter uma ideia da dimensão do negócio, esses espaços pets já se fazem presentes em quase um terço dos prédios novos em São Paulo, de acordo com um recente levantamento da plataforma imobiliária Apê11. Em algumas incorporadoras, como a Helbor, esse índice chega a 80%. Vale lembrar que o marketing “pet friendly” começa na planta: é cada vez mais comum os estandes de vendas de prédios usarem parte do terreno destinado ao início da obra para criar circuito para os donos trazerem seus cachorros para se exercitar.

Importante lembrar que, conforme garante a legislação brasileira, ter um animal de estimação no apartamento não pode ser proibido, mas cada condomínio tem liberdade para estipular regras para a convivência dos pets nas áreas comuns, limitando alguns espaços de circulação e horários de passeio, sempre prezando a garantia do sossego e a segurança de todos os moradores.

Fonte: Veja 

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