EnglishEspañolPortuguês

REABILITAÇÃO

Como é feito o resgate e o tratamento de cavalos que sofreram maus-tratos em Caxias do Sul (RS)

27 de julho de 2024
4 min. de leitura
A-
A+
Foto: Bruno Todeschini / Agencia RBS

Cavalos abandonados, resgatados de enchentes e até salvos de matadouros. Manejar animais de grande porte, principalmente equinos, em condições de abandono ou maus-tratos é o desafio de prefeituras e organizações não governamentais (ONGs) quando chamados pela população para que sejam recolhidos.

Em Caxias do Sul, a Soama resgatou 13 cavalos nos últimos três anos, incluindo os animais da Operação Hipo que desarticulou um esquema de abate ilegal de cavalos em novembro de 2021.

De acordo com a presidente da Soama, Natasha Valenti, cinco deles, além de um jumento, foram recuperados e encaminhados à adoção.

“Tivemos que envolver Ministério Público, deputados federais e Secretaria da Agricultura do Estado para conseguir salvá-los do abate autorizado, mesmo que tivessem condições de vida. O que ficou dessa história é que poucos se preocuparam com o destino deles”, lamenta.

Desde 2017, a principal opção de destino para os animais de grande porte se recuperarem é o Instituto Hospitalar Veterinário (IHVET), da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Um convênio com a prefeitura, assinado em setembro do ano passado, garantiu R$ 2,5 milhões para o tratamento de cavalos e castrações de gatos e cachorros. A parceria, de acordo com o diretor técnico e de ensino, Leandro Ribas, contempla também o atendimento fora da estrutura universitária, mas não faz resgates e não se trata de local de passagem:

“Nosso serviço só existe porque tem a graduação junto. Recebemos os animais para os alunos viverem a situação da Medicina Veterinária. Ensino e serviço são uma via de mão dupla, usamos os serviços para que os alunos aprendam”.

São três situações vividas pelo IHVET ao receber os animais. Via prefeitura, recolhidos pelo Departamento de Proteção Animal (DPA), da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), trazidos por ONGs ou recolhidos de forma particular por pessoas que passam a responder como tutores dos animais.

“Quem traz o animal assume os custos, que não são baixos. Um cavalo de 400 quilos, para se recuperar de uma desidratação grave, vai precisar de 60 litros de soro. Geralmente são animais desnutridos, anêmicos que precisarão de transfusão de sangue, idosos e com ferimentos de pele”, detalha.

O Departamento de Proteção Animal (DPA) da Semma conta com veículo equipado com guincho para o resgate dos animais recolhidos por meio de denúncias da comunidade.

Sem um abrigo para lar temporário, a adoção ainda é fundamental para que baias utilizadas para animais em recuperação não sejam todas ocupadas na UCS. O convênio com a prefeitura, segundo a médica veterinária da DPA Ana Caroline Rossi, tem limite de valor, mas que ainda não foi atingido.

“Não temos capacidade para albergar animais de grande porte. O problema existe, mas com cães é muito maior. Denúncias podem ser feitas no site da secretaria, e também na Polícia Civil. Em situações de maus tratos, o tutor é autuado e pode ter que arcar com os custos do IHVET”, explica.

No caso de maus-tratos a cavalos, a pena prevista no artigo 32 da Lei 9605/98 de crimes ambientais é de detenção de três meses a um ano, além de multa.

Como denunciar e adotar

Por não haver um canal oficial para denúncias, Semma e Soama recomendam a população que em situações de maus-tratos a Brigada Militar ou Delegacia de Polícia Civil seja acionadas. O Ministério Público também pode intervir e exigir que administração pública ou os próprios tutores tomem as providências necessárias.

Quando resgatados, as ONGs adotam critérios específicos para a adoção. Cavalos adotados após sofrerem maus tratos não podem servir para tração de carga, cavalgadas ou rodeios.

De acordo com a Semma, nenhum processo de adoção foi realizado nos últimos anos. E segundo a Soama, todos os que tiveram o trâmite encaminhado por eles são animais de estimação das famílias adotantes.

Final feliz para resgatados

No pátio do IHVET estão hoje quatro éguas, uma jumenta e um boi. Este último, de nome Valente, foi resgatado em Muçum com a pata quebrada e teve parte do membro amputado pelos veterinários. O tratamento do boi foi financiado pelo Grupo de Resgate de Animais em Desastres (Grad) e a sua permanência está garantida na UCS que realizou a adoção e utiliza Valente como forma de pesquisa para os alunos.

Abandonada em um lixão clandestino em 2018, a égua Preta foi resgatada pela Semma na época e também ficou no IHVET para participar das aulas. Outro animal que ficou aos cuidados do Instituto é a jumenta Juju, símbolo do resgate de animais da Operação Hipo que desarticulou uma quadrilha que abatia clandestinamente os equinos. Os outros cinco cavalos resgatados na mesma operação foram adotados.

Fonte: Gaúcha

    Você viu?

    Ir para o topo