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ESPERANÇA

Como câmeras escondidas estão captando imagens raras de tigres ameaçados

Levantamentos na ilha de Sumatra identificaram a maior quantidade de tigres já documentada no local, com observação de três ninhadas em menos de um ano; veja vídeo

11 de dezembro de 2025
Fernanda Zibordi
4 min. de leitura
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Foto: Figel et al., BKSDA-Aceh, DLHK/Frontiers in Conservation Science

Entre florestas preservadas da ilha de Sumatra, na Indonésia, vive uma população de tigres criticamente ameaçados. A densidade populacional dos felinos na ilha é o foco de estudo de vários pesquisadores do país insular, que foram responsáveis pela instalação de câmeras infravermelhas no habitat dos tigres.

As armadilhas fotográficas (inofensivas para os bichos) registraram quase três vezes mais imagens e ajudaram na identificação de mais animais em comparação a levantamentos anteriores, segundo estudo publicado em 3 de dezembro na revista científica Frontiers in Conservation Science. E isso, de acordo com os pesquisadores, pode ajudar na conservação da espécie.

Diga “xis”, tigre-de-sumatra

A população dos tigres-de-sumatra é a única sobrevivente das subespécies de tigres das Ilhas das Sondas – arquipélagos divididos entre países como Indonésia, Malásia, Brunei e Timor-Leste. É considerado o tipo de tigre mais raro ainda encontrado na natureza, sendo que a destruição de habitats, a caça ilegal e a diminuição de presas colaboram para sua extinção.

No entanto, um fio de esperança para a conservação da espécie ainda pode ser encontrado no ecossistema de Leuser: com 44% de suas paisagens florestais classificadas como intactas, ele é o habitat ideal para a sobrevivência dos tigres-de-sumatra. Considerando isso, pesquisadores conduziram um estudo de monitoramento exclusivamente em florestas protegidas pela província de Aceh – que estende-se por parte do ecossistema Leuser.

“Na Indonésia, florestas protegidas provincialmente recebem bem menos recursos do que parques nacionais, que são apoiados e administrados pelo governo central”, diz comunicado da revista sobre o estudo.

Com a instalação de câmeras infravermelhas nas partes protegidas por Aceh, os cientistas puderam estimar densidades populacionais específicas por sexo como também os movimentos dos tigres ao longo de três levantamentos. Ao todo, 167 câmeras foram usadas entre março de 2023 e novembro de 2024.

Habitat próspero e esforços de conservação

A equipe captou um total de 282 imagens suficientemente claras dos tigres-de-sumatra. Pelos padrões de listras, foram identificados 27 indivíduos, sendo 14 fêmeas, 12 machos e um tigre de sexo desconhecido.

O alto número nunca antes havia sido registrado em levantamentos anteriores, e é um forte indício de que a região de Aceh apresenta presas suficientes, um sistema social saudável e habitats de alta qualidade para a sobrevivência dos tigres. Durante um dos levantamentos realizados em 2023, três diferentes ninhadas foram documentadas pelos pesquisadores.

Considerando que tigres ocupam apenas 5 a 10% de seus habitats históricos, o estudo fornece informações valiosas para a proteção e permanência desses animais em seus ecossistemas. Joe Figel, biólogo conservacionista e principal autor do estudo, afirma que a população de tigres encontrada está entre as mais saudáveis da ilha.

“O monitoramento com armadilhas fotográficas ao longo de vários anos é fundamental para estimar parâmetros demográficos-chave dos tigres, como sobrevivência, recrutamento, permanência e taxa de crescimento populacional. Com esses dados – e somente com esses dados – podemos começar a avaliar os esforços de conservação”, conclui o biólogo.

Fonte: Revista Galileu

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