Para parafrasear Oscar Wilde, se uma onda de calor pode parecer acaso, duas, em um único mês, sugerem que algo mais sério está acontecendo.
As ondas de calor deste verão no sul da Grã-Bretanha e em grande parte da Europa continental tiveram efeitos variados sobre as aves em reprodução. Dias quentes e ensolarados lhes dão mais tempo para se alimentar e reduzem o risco de os filhotes morrerem no ninho devido a períodos de tempo frio, úmido e ventoso.
No entanto, longos períodos de calor intenso e seca também podem ser prejudiciais: os filhotes podem sofrer superaquecimento, e alguns insetos – sua principal fonte de alimento – podem ficar escassos ou difíceis de alcançar, especialmente quando o solo fica ressecado e duro.
A longo prazo, se as secas de verão se tornarem frequentes, algumas espécies sofrerão, enquanto outras se beneficiarão ao expandir seus habitats para regiões mais ao norte. Um relatório importante da British Trust for Ornithology (BTO), de 2021 (Climate Change and the UK’s Birds), destacou que certos grupos de aves – especialmente aves marinhas e espécies de regiões montanhosas – já estão sendo afetados negativamente pela crise climática. E, embora cerca de metade das espécies reprodutoras não pareça estar sofrendo impactos, é essencial manter monitoramentos regulares de suas populações para tentar mitigar possíveis danos.
No curto prazo, a RSPB (Sociedade Real para a Proteção das Aves) lembra a importância de mantermos os bebedouros para aves sempre abastecidos com água limpa, já que elas precisam beber e se banhar durante o calor para manter a saúde.
Traduzido de The Guardian.