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ADAPTAÇÃO

Como as mudanças climáticas podem estar alterando as cores das comunidades de libélulas

28 de dezembro de 2023
Filipe Pimentel Rações
2 min. de leitura
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Foto: André Karwath | Wikimedia Commons

Ao longo do ano, a predominância das espécies nas comunidades de libélulas varia, criando paisagens com cores diferentes à medida que as estações se sucedem. Esse fenômeno está relacionado com a quantidade de radiação solar que atinge a Terra.

Uma equipe de pesquisadores da Alemanha, em um artigo publicado na revista ‘Nature Communications’, revela que na primavera e no outono, as espécies de libélulas mais escuras, como a Leucorrhinia dubia e a Sympetrum danae, tendem a predominar. Durante os meses mais quentes do verão, as que possuem cores mais claras, como a Orthetrum coerulescens, tornam-se mais abundantes.

Segundo os cientistas, as cores auxiliam os insetos a regular sua temperatura corporal. As cores mais escuras absorvem mais radiação solar, sendo mais adequadas para estações mais frias, ao contrário das libélulas de cores mais claras, que prosperam em climas mais quentes.

Assim, como pesquisas anteriores já haviam revelado, nas regiões mais ao norte do planeta, as comunidades de libélulas são compostas principalmente por espécies escuras e maiores, capazes de reter melhor o calor. Por outro lado, as espécies de libélulas com cores mais claras são mais abundantes no sul, em áreas mais quentes.

Este estudo mais recente baseou-se na análise de dados provenientes da observação de comunidades de libélulas no Reino Unido entre 1990 e 2020. Os cientistas confirmaram que as cores predominantes nas comunidades de libélulas realmente mudam com as estações do ano.

Além disso, ao examinarem os últimos 30 anos, perceberam que os efeitos das mudanças climáticas podem estar afetando as variações de cores. Os pesquisadores indicam que, ao longo desse período, as comunidades de libélulas têm sido compostas cada vez mais por espécies de cores claras, mesmo nos meses com menor radiação solar, possivelmente associado ao aquecimento global.

À medida que a temperatura média do planeta aumenta, é esperado que as espécies que liberam calor mais eficientemente, as mais claras, prosperem. No entanto, essas espécies podem estar mal-adaptadas para voar nos meses associados às estações mais frias.

Roberto Novella Fernandez, da Universidade Técnica de Munique e primeiro autor do artigo, explica que “o aquecimento pode estar alterando o padrão de uma maneira desfavorável para as libélulas, pois elas podem deixar de voar em condições ideais de radiação solar”. Ele acrescenta que o próximo passo da equipe é compreender melhor como as mudanças climáticas estão influenciando a abundância das espécies de libélulas nas diferentes estações do ano. Christian Hof, outro dos autores, destaca que “ao associar mudanças nas características das espécies, como a coloração dos insetos, a mudanças ambientais, podemos compreender melhor as causas da perda de biodiversidade”.

Fonte: Greensavers

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