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RECUPERAÇÃO

Como anda a saúde da Grande Barreira de Corais da Austrália, segundo relatório

Patrimônio Mundial da UNESCO, ainda sofre com as mudanças climáticas e a caça ilegal, mas vê esforços de conservação contribuírem para a manutenção de sua biodiversidade

2 de setembro de 2024
Redação Galileu
4 min. de leitura
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Foto: Great Barrier Reef Marine Park Authority

A Autoridade do Parque Marinho, que administra a Grande Barreira de Corais da Austrália — o maior sistema de recifes de corais do mundo —, divulgou um relatório sobre as perspectivas para a área. O levantamento considerou dados coletados entre janeiro de 2019 e dezembro de 2023.

O relatório revelou que a condição atual dos habitats dos recifes de corais melhorou, devido aos esforços de conservação, ao aumento das patrulhas de guardas ambientais e ao trabalho em conjunto entre as populações indígenas e cientistas. Contudo, ainda são necessárias ações para recuperação das populações de aves marinhas, tubarões, arraias, cobras e tartarugas marinhas, que continuam em más condições.

O evento de branqueamento em larga escala que ocorreu em março de 2024 não foi incluído na avaliação. O branqueamento acontece quando a temperatura do mar se eleva, fazendo com que os corais expulsem as algas que habitam seus tecidos, resultando na perda de suas cores vibrantes. Aproximadamente 81% da Grande Barreira de Corais estão com níveis extremos ou altos de danos, de acordo com informações divulgadas por autoridades.

“Continuaremos a trabalhar com proprietários tradicionais, parceiros e comunidades para construir resiliência do ecossistema para dar suporte ao futuro do Reef”, disse Josh Thomas, CEO da Reef Authority, em comunicado. “O Projeto da Grande Barreira de Corais da Reef Authority para Resiliência e Adaptação Climática (Reef Blueprint 2030) descreve as principais ações que estamos tomando e aquelas necessárias para lidar com o desafio dos impactos das mudanças climáticas no recife.”

A Grande Barreira de Corais da Austrália é um Patrimônio Mundial pela UNESCO desde 1981. Com uma extensão de 2,3 mil quilômetros, que se estende da costa nordeste da Austrália até Papua Nova Guiné, o recife abriga aproximadamente 1,6 mil espécies de peixes e 600 tipos de corais.

Atualmente, a região está passando por um surto de estrela-do-mar-coroa-de-espinhos (Acanthaster planci), uma espécie que se alimenta de corais, enfrentando também os desafios causados pelas mudanças climáticas e pelo aquecimento dos oceanos. De acordo com um artigo publicado no periódico Nature, a temperatura do oceano na Grande Barreira de Corais da Austrália é a mais alta registrada nos últimos 400 anos.

De acordo com o relatório, a situação dos campos de algas marinhas melhorou, sugerindo uma recuperação dos impactos de inundações passadas em algumas áreas. Entre 2020 e 2023, a quantidade de algas aumentou ou permaneceu estável em cerca de 60% dos locais observados. Além disso, as populações de baleias jubarte (Megaptera novaeangliae) continuam a crescer após serem removidas da lista de espécies ameaçadas de extinção em 2014.

Esse cenário, contudo, não pode ser observado em outros animais marinhos como as tartarugas. Existem relatos de declínio populacional na grande maioria das espécies que vivem na Grande Barreira de Corais, exceto nas tartarugas-verdes (Chelonia mydas) e nas tartarugas-marinhas-australianas (Natator depressus).

O relatório concluiu que a região continua, em termos gerais, bem administrada. Os pesquisadores ressaltam o aumento dos investimentos por parte dos governos australianos por meio do Plano de Sustentabilidade de Longo Prazo do Recife 2050.

Este plano inclui medidas de proteção adicionais para tartarugas, novas leis rigorosas contra a caça ilegal e recursos destinados a reduzir os detritos marinhos. Além disso, o documento também destaca que é essencial a participação das populações indígenas australianas nos planos de preservação desse patrimônio natural.

“A pesquisa e as avaliações nos ajudam a entender onde estão os maiores desafios à manutenção do recife”, disse Roger Beeden, cientista-chefe da Autoridade do Parque Marinho. “O relatório é revisado de forma independente e inclui a melhor ciência e dados disponíveis em instituições de pesquisa, agências governamentais australianas e da indústria. Suas descobertas ajudarão a moldar as ações que esses setores tomarão no futuro para proteger o recife.”

Fonte: Um Só Planeta

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