Os últimos tempos têm sido de recordes em sequência quando o assunto é o aumento de temperatura no planeta. Oficialmente, o ano de 2024 foi o mais quente da história e o primeiro a exceder 1,5°C de aquecimento acima do nível pré-industrial, como mostrou um relatório de janeiro deste ano assinado pela Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), da União Europeia. Dentro deste cenário de mudança climática, qual é o papel da ação humana? Diversas entidades vêm investigando, entre elas, a Nasa.
Estudos conduzidos pela agência espacial estadunidense e pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), por exemplo, indicam que “embora o clima da Terra tenha mudado ao longo de sua história, o aquecimento atual está ocorrendo em um ritmo nunca visto nos últimos dez mil anos”.
“Desde o início das avaliações científicas sistemáticas na década de 1970, a influência da atividade humana no aquecimento do sistema climático evoluiu de teoria para fato estabelecido”, diz o IPCC.
Mas como isso vem sendo comprovado? De olho no Dia da Terra, efeméride celebrada anualmente em 22 de abril e que tem como objetivo a conscientização sobre a importância de preservar o planeta, National Geographic ajuda a decifrar os estudos.
Como a Nasa relaciona o impacto da ação humana ao aquecimento da Terra?
Tanto a Nasa quanto o IPCC enfatizam que já existem informações científicas suficientes colhidas de “fontes naturais como núcleos de gelo, rochas e anéis de árvores”, aliadas a leituras feitas por equipamentos mais modernos – como satélites, por exemplo, as quais mostram “os sinais de um clima em alteração”.
“A taxa de mudança desde meados do século 20 não tem precedentes em milênios”, completa. De maneira geral, a Nasa lista estas nove evidências como cruciais para comprovar que a Terra está em aquecimento:
- Aumento geral da temperatura do planeta: “a maior parte do aquecimento ocorreu nos últimos 40 anos”;
- Aquecimento do oceano: é ele que “absorve grande parte desse aumento de calor”, tendo aumentado 0,33ºC desde 1969;
- O encolhimento das camadas de gelo: “os mantos de gelo da Groenlândia e da Antártica diminuíram de massa”. Somente a maior ilha do mundo perdeu uma média de 279 bilhões de toneladas de gelo por ano entre 1993 e 2019.
- O recuo das geleiras: o fim do gelo vêm sendo registrado em diversas as partes do planeta – em especial nos Alpes, no Himalaia, nos Andes, nas Montanhas Rochosas, no Alasca e na África;
- A cobertura de neve está comprovadamente diminuindo: “dados de satélite revelam que a quantidade de cobertura de neve na primavera no Hemisfério Norte diminuiu nas últimas cinco décadas e a neve está derretendo mais cedo”.
- O nível do mar está subindo: “o nível global do mar subiu cerca de 20 centímetros no último século”, diz a fonte. Mas somente nas últimas duas décadas esse número é “quase o dobro do registrado no século passado”;
- O gelo do mar Ártico está desaparecendo: tanto em extensão quanto em espessura, “o gelo marinho do Ártico diminuiu rapidamente nas últimas décadas”;
- Os eventos climáticos extremos aumentaram de frequência: eventos recordes de altas temperaturas, chuvas intensas, tornados, secas severas, entre outros têm sido registrados no mundo todo;
- A acidificação dos oceanos está aumentando: “desde o início da Revolução Industrial, a acidez das águas oceânicas superficiais aumentou em cerca de 30%”, diz a Nasa. E esse aumento está relacionado com o dióxido de carbono emitido pelos seres humanos na atmosfera. “O oceano absorveu entre 20% e 30% do total de emissões”.
O clima da Terra sempre passou por variações, mas nunca como agora
Ainda segundo o artigo da Nasa, o clima da Terra já teve oito ciclos diferentes nos últimos 800 mil anos, indo de eras glaciais a períodos mais quentes. “O fim da última era glacial, há cerca de 11.700 anos, marcou o início da era climática moderna – e da civilização humana”, destaca a fonte.
Mas a maioria dessas variações climáticas do passado, anteriores ao século 19, eram muito pequenas na órbita da Terra, o que não acontece atualmente com a emissão em toneladas de gases do Efeito Estufa. “Essa energia extra aqueceu o ar, os mares e a terra – e ocorreram mudanças rápidas e generalizadas na atmosfera, no oceano, na criosfera e na biosfera“, finaliza o artigo.
As evidências também são encontradas nas análises de “núcleos de gelo retirados da Groenlândia, da Antártica e de geleiras de montanhas tropicais”, segue a fonte. Elas mostram que “o clima da Terra responde às mudanças nos níveis de gases de Efeito Estufa”. Além dos anéis de árvores, também se pode analisar sedimentos oceânicos, recifes de corais e camadas de rochas sedimentares para fazer a comparação entre períodos mais antigos e o agora.
“Essas evidências paleoclimáticas revelam que o aquecimento atual está ocorrendo cerca de dez vezes mais rápido do que a taxa média de aquecimento após uma Era Glacial”, diz a Nasa. “O dióxido de carbono proveniente de atividades humanas está aumentando cerca de 250 vezes mais depressa do que o aumento proveniente de fontes naturais após a última Era de Gelo”.
Por isso é tão importante evitar qualquer fração de aquecimento do planeta, já que esses números impactam diretamente milhões de vidas humanas e colocam em risco de extinção centenas de espécies da fauna e da flora.
Fonte: National Geographic Brasil