Ontem (20), a Comissão Europeia, que representa e defende os interesses da União Europeia (UE), confirmou que um orçamento equivalente a mais de R$ 60 bilhões será destinado a uma transição verde que beneficia a bioeconomia também a partir do incentivo à produção de proteínas alternativas, incluindo carnes vegetais e cultivadas em laboratório.
A medida faz parte de uma nova estratégia intitulada “Farm to Fork”, que busca reduzir as emissões de carbono na Europa. A iniciativa foi comemorada pelo gerente de políticas do Good Food Institute Europa, Alexander Holst:
“Esse é um grande passo. Proteínas alternativas, como carne cultivada e à base de plantas, desempenham um papel fundamental na transição da Europa para um sistema alimentar mais sustentável, saudável e justo”, disse.
Holst também acrescentou que é uma grande oportunidade comercial para a Europa garantir uma melhor recuperação com a recessão gerada pela covid-19. “Saudamos calorosamente o sábio apoio da Comissão à necessidade de maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento de proteínas alternativas.”
O gerente do GFI também destacou que ao reconhecer a importância das proteínas alternativas, o Europarlamento deve entender que o momento não é de combater esse mercado. “É preciso descartar propostas prejudiciais que proibiriam nomes como ‘hambúrguer vegetariano’ ou ‘bife à base de vegetais’ para alternativas à carne.”
71% das terras agrícolas da UE destinam-se à pecuária
De acordo com um relatório concluído em fevereiro pelo Greenpeace, pelo menos 71% das terras agrícolas dos países que compõem a União Europeia (UE) destinam-se à pecuária.
Segundo a pesquisa, são 125 milhões de hectares utilizados para criação de animais e produção de alimentos para esses animais. “O Eurostat mostrou que 72% dos produtos pecuários europeus vêm das maiores fazendas da Europa”, informa.
Ainda assim, o setor recebe até 32 bilhões de euros em subsídios, o que chega a até 20% do orçamento total da União Europeia.
O diretor de política agrícola do Greenpeace, Marco Contiero, qualificou o fato como uma irresponsabilidade, considerando que cientistas têm alertado a população sobre a importância de se cortar a carne para evitar desastres ambientais.
“É loucura despejar um bom dinheiro considerando o mal causado pela criação industrial de animais”, disse Contiero. Segundo a entidade, a UE deve motivar os agricultores a migrarem para uma agricultura ecológica que proteja o meio ambiente, o clima e a saúde.
“Enquanto as pequenas propriedades estão desaparecendo a taxas alarmantes, o dinheiro público incentiva as maiores a crescerem, e isso precisa parar.”
O Greenpeace destaca ainda que tais descobertas ocorrem em meio a evidências científicas crescentes dos danos causados ao clima, ao meio ambiente e à saúde pública a partir da produção e consumo de carne e laticínios.