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CAPTURADOS NA NATUREZA

Comércio global de peixes de aquário ameaça espécies selvagens, alerta estudo

Pesquisa mostra que 90% dos peixes vendidos em lojas virtuais nos EUA vêm de populações selvagens, revelando um mercado bilionário e pouco transparente

10 de outubro de 2025
2 min. de leitura
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Aquário com peixes ornamentais. Foto: Freepik

A maioria dos peixes vendidos para aquários marinhos em todo o mundo ainda é retirada diretamente da natureza, segundo um novo estudo publicado na revista Conservation Biology. A pesquisa, liderada pelo ecologista marinho Bing Lin, da Universidade de Sydney, aponta que o comércio global de peixes ornamentais é amplamente sustentado por espécies selvagens, com uma cadeia de abastecimento “opaca e pouco rastreável”.

O levantamento analisou 734 espécies vendidas por grandes varejistas online nos Estados Unidos e revelou que cerca de 90% dos animais comercializados foram capturados em habitat natural, enquanto apenas 3% são provenientes de aquacultura. Outros 7% têm origem mista, entre criação e captura. A maior parte desses peixes vem do Pacífico Ocidental e do Oceano Índico.

Com um valor estimado em US$ 2,15 bilhões por ano, o comércio global movimenta cerca de 55 milhões de animais marinhos anualmente. Os Estados Unidos concentram dois terços da demanda mundial, e a Austrália figura entre os 20 maiores importadores e exportadores do setor. A pesquisa também identificou que 45 espécies vendidas estão classificadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como ameaçadas ou em declínio populacional — entre elas, o peixe-cardinal-de-banggai, o peixe-anjo-clarion e o peixe-donzela-azul.

Apesar das regras do tratado internacional Cites, que regula o comércio de espécies ameaçadas, muitas continuam sendo negociadas sem controle. “Diversas espécies em risco escapam da regulamentação global e acabam no mercado sem qualquer registro”, alertou Lin, em entrevista para o The Guardian. Para o pesquisador, a falta de transparência contribui para o agravamento da pressão sobre ecossistemas marinhos já fragilizados.

Lin ressalta, contudo, que o comércio de peixes ornamentais também pode representar uma fonte importante de renda para comunidades costeiras em regiões tropicais. Ele defende o fortalecimento de políticas de manejo sustentável, capazes de equilibrar a conservação da biodiversidade com a manutenção das atividades econômicas locais.

Fonte: Um só Planeta

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