Os abrigos australianos para animais estão superlotados e a espera para devolver animais pode chegar aos oito meses, à medida que os tutores desses mesmos animais voltam ao trabalho e enfrentam o aumento do custo de vida.
“Há 20 anos que trabalho com animais resgatados e nunca vi nada assim”, diz Monika Biernacki, fundadora do abrigo Monika’s Doggie Rescue, num subúrbio a norte de Sydney, na Austrália.
“O número de animais em canis e abrigos torna-se desesperador. E o número de chamadas, emails, mensagens que recebemos de pessoas que querem entregar os seus animais é interminável. É de partir o coração”, acrescenta.
Cuidar de um animal está cada vez mais difícil e mais caro, considera Biernacki, que fundou um abrigo em 2001.
Na Austrália, o preço de produtos relacionados a animais domésticos cresceu 12% na primeira metade do ano, a um ritmo que é o dobro do aumento do preço da alimentação humana e das bebidas, mostram dados governamentais. A falta de casas para abrigá-los também torna mais difícil encontrar um lar temporário para os animais.
Holly Medcalf, professora, recebeu o seu amigo cão de nome Opi, durante a pandemia e gastou quase 4000 dólares australianos (cerca de 13 mil reais) em despesas veterinárias. “Pensamos em tudo de bom que uma relação com os animais nos traz… E depois, a realidade é de grande pressão e trabalho árduo.”
Muitos daqueles que compraram animais apenas como companheiros durante o confinamento da pandemia, estão agora percebendo as reais necessidades e responsabilidades que isso implica, diz Stephen Albin, director executivo da New South Wales Animal Welfare Society.
“A pandemia de covid-19 foi uma época realmente estranha, especialmente na Austrália, onde tivemos confinamentos longos. Penso que muitas pessoas queriam apenas companhia, por isso decidiram arranjar um animal, um companheiro, mas não perceberam bem o que é necessário para o manter.”
Fonte: P3