“Separem um boizinho para eu domar!”.
A imprensa (a chapa branca, preocupada em puxar o saco do poder, e a alternativa, ocupada com problemas sociais maiores), filmou mas não destacou. Só a meia dúzia de gatos pingados defensores dos animais, tipo nosotros, chiou inutilmente.
Em um Brasil de tanta escrotidão, como o narcotráfico unindo otoridades e marginália faturando alto, e de polêmicas candentes como a da maior bunda (será da Mulher Melancia ou da Mulher Filé?), defender os animais não é politicamente correto nem dá ibope. Literalmente.
Quando Glória Perez criou sua novela América, tentamos contrapor um personagem ativista antirrodeios. Ela até que topou, mas a emissora vetou na hora.
Compreensível: os anunciantes gostam de patrocinar o “esporte” de torturar filhotes de bois, cavalos e mulas, na arena. Os músicos sertanojos também glorificam a festa. E a mulherada adere com entusiasmo se deixando laçar nas ruas de Barretos como vacas.
O que a maioria não sabe, nem parece querer saber, é que os bichos não pulam à toa. Importada dos Estados Unidos (o povo do Bush é bom nisso, torturar sem matar), a prática do sedém corre solta. Sedém é um couro molhado amarrado na virilha do cavalo ou do boi. Vai secando e apertando o saco do coitado e daí ele pula bonito.
Também se utiliza introduzir pólvora e salitre no ânus equino, com resultados excelentes. Já os novilhos a serem laçados volta e meia morrem estrangulados pela corda, mas isso não tira o brilho da festa.
A galera e o ex-presidente gostam. Haverá uma ONG para proteger essa “cultura popular”, o cáuntri. Querem apostar?
Ulisses Tavares tem essa bobagem de lutar por veadinhos, cavalinhos, boizinhos, cachorrinhos etc.
Coisas de poeta.