Para fugir dos incêndios no Pantanal, um tamanduá-bandeira colocou o filhote nas costas e saiu em disparada, desviando dos focos de fogo. O registro foi feito pelo médico veterinário Lucas Alves na região do Paiaguás, nesse sábado (12).
“Trabalho aqui na região e fui ver fogo que estava perto da propriedade. Eu tentei tirar uma foto mais perto, mas ele estava bastante assustado e arisco. Começou a correr pra cima do fogo, por isso eu desviei pra não acabar jogando ele pro lado do fogo”.
Segundo o veterinário, a espécie sempre carrega os filhotes nas costas. De longe, Lucas viu que o tamanduá estava com as patas machucadas por causa do fogo. Naturalmente o animal não sairia ileso, já que andava sobre as cinzas quentes.
“Nesse sábado, a região aqui está bastante seca, ainda não choveu. Por ter muita massa seca o fogo fica difícil de ser controlado e em alguns lugares o acesso para contenção é bastante difícil”
Conforme o Instituto Tamanduá Bandeira, os tamanduás são lentos e passam o dia quietos em sua toca, com isso, possuem menores chances de fugir a tempo em caso de incêndios. Quando fogem, desorientados, podem ir para as rodovias e serem atropelados.
O Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres) por meio do projeto Bandeira e Rodovias, tem realizado um estudo para observação de fêmeas e filhotes de tamanduás-bandeira, desde agosto de 2021. Quem realiza a ação é a bióloga e pesquisadora da UFG (Universidade Federal de Goiás), Alessandra Bertassoni.
“Neste primeiro ano de observação, nós identificamos que os filhotes são extremamente dependentes de suas mães durante os primeiros dois meses e que os meses seguintes são, geralmente, de muito aprendizado, pois, é neste período que eles aprendem a se cuidar, se alimentar e se proteger, ou seja, é uma fase importante para que eles possam se tornar mais autônomos. Um período essencial na vida do animal e que aumenta as chances de chegarem à fase adulta com sucesso”, explicou a bióloga.
Conforme a bióloga, a gestação de um tamanduá-bandeira dura em média 180 dias e só nasce um filhote de cada vez.
Incêndios – O Pantanal enfrenta em 2024 um dos anos mais críticos em termos de queimadas já registrados. Entre janeiro e junho de 2020, ano anteriormente considerado o mais devastador para o bioma, foram queimados 213 mil hectares. No entanto, entre 1º de janeiro e 25 de junho de 2024, o número de hectares queimados já ultrapassa 530 mil, mais que o dobro do pior período da história.
Em setembro deste ano, de uma semana para outra, as estimativas do tamanho da área queimada no Pantanal de Mato Grosso do Sul, foram “reduzidas”. Eram cerca de 2.235.350 de hectares até 10 de setembro, que viraram aproximadamente 1.450.425 hectares, sete dias depois. A redução é de 784 mil hectares.
O cálculo é feito pelo Lasa-UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro), uma das principais referências para estimar perdas para o fogo não só no Pantanal, como em outros biomas como o Cerrado e Amazônia.
O portal de consulta do Lasa-URFJ exibiu um aviso sobre a alteração do método para dimensionar via satélite o impacto das queimadas. A explicação é dada por um novo método. Conforme o laboratório, plataforma ‘Alarmes’ foram refinadas com base no ‘Alarmes’ ‘histórico'”.
A mudança aumenta a confiabilidade dos alertas, reduzindo os erros”. Assim, o cálculo da área queimada passou a ter margem de erro média de até 10% e não mais de 30%, conforme indicava o painel, antes.
Fonte: Campo Grande News