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Com festas de fim de ano e rojões, aumenta o número de cachorros perdidos

6 de janeiro de 2011
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Mario Persico: em busca de uma lar para Cleyde (Créditos: Erick Pinheiro)

Depois das festas de fim de ano e com a chegada do período em que as famílias saem de férias não é difícil encontrar cães perdidos pelas ruas da cidade de Sorocaba, em SP, perambulando sem rumo e sob o risco de atropelamento. Isso porque muitos fogem durante a queima de fogos ou são abandonados por tutores que saem para viajar.

Alguns acabam tendo a sorte de serem abrigados, mesmo que provisoriamente, em lares de pessoas que se sensibilizam com a situação. É o caso do diretor de teatro Mario Persico, que na noite de 27 de dezembro encontrou uma cadela de porte grande, com traços da raça Labrador, na Vila Jardini. Cleyde, como passou a ser chamada, despertou a atenção do artista por interagir com as pessoas que passavam pela rua, como se estivesse pedindo atenção. Um guardador de carros que estava no local comentou que ela quase tinha sido atropelada por um táxi e realmente percebemos que ela tem muito medo de carros, explicou. Persico acredita que a cadela não seja de rua, pois estava com coleira e bem cuidada, apesar de um pouco magra. De acordo com a avaliação de um veterinário, ela tem aproximadamente três anos, é castrada e tem boa saúde. A expectativa é de que Cleyde encontre um lar definitivo ou seja devolvida ao tutor, no caso de ter fugido. “Ela se estranhou com os gatos aqui de casa e o espaço é muito pequeno. Devo levá-la em feiras de adoção”, concluiu.

A empresária Bruna Rolim passou por situação semelhante. Na última segunda-feira, dirigia da avenida Antônio Carlos Comitre para a Washington Luiz quando avistou um pastor alemão preto quase ser atropelado ao tentar atravessar a pista. Comovida com a situação, retornou para levá-lo. Precisou de uma coleira emprestada de um pet-shop e da ajuda de outras pessoas para colocá-lo dentro do carro. Parece que tinha dono, está bem cuidado, sem pulgas e é muito manso, inclusive com crianças, declarou. Até ser adotado por um novo dono, o cachorro está sendo mantido na loja de Bruna.

Enquanto alguns já encontraram, a família da cozinheira Lucinda Maria Fomaroli ainda está à procura. A tutora de uma poodle de quatro anos conta que a cadelinha escapou pelo vão do portão enquanto todos da casa comemoravam o Réveillon com a queima de fogos, no Parque Manchester. Desde a noite da virada do ano, Lucinda e o esposo percorrem de moto os bairros próximos na tentativa de encontrá-la. Durante esse tempo passamos por vários bairros, entre eles, o Jardim Ipiranga, Wanel Ville e Júlio de Mesquita. Temos visto muitos cachorros abandonados, mas ainda não encontramos a nossa, afirmou.

ONG vai intensificar campanha

Para Cristina Tagliassachi, responsável pela Organização Não Governamental Salve se Puder, que estimula e promove a adoção de cães e gatos em Sorocaba, o aumento na quantidade de animais abandonados nos últimos dias é perceptível. Além da fuga de cães assustados pelos fogos, os motivos, segundo ela, podem estar ligados à falta de responsabilidade do dono, como nos casos de famílias que simplesmente colocam seus cachorros na rua para não incomodar as visitas durante as festas de final de ano.

Com o objetivo de minimizar o problema dos cães nas ruas, ela deve retomar no próximo mês as feiras de adoção, desta vez com reforço na campanha educativa de posse responsável. Evitamos realizar as feiras em dezembro e janeiro justamente porque as pessoas adotam e, em seguida, abandonam ou querem devolver por não terem com quem deixar nas férias. Vamos intensificar a conscientização, pois não adianta adotar se a pessoa não estiver ciente de que o animal precisa de cuidados, declarou. Segundo Cristina, a ideia é que a feira seja o último recurso de quem não pode mais manter um animal em casa. Muita gente sabe que gostamos de animais e, por isso, querem passar a responsabilidade. Em vez de cuidar bem e dar um destino apropriado, tentam transferir o trabalho e custo gerados pelos animais para a ONG, contou.

Aos tutores de cães fugitivos, Cristina recomenda que a procura seja em locais distantes do ponto de partida. Quando o cachorro consegue escapar, corre até não aguentar mais ou quando acaba o barulho. No momento em que ele para, está tão longe de casa que não consegue voltar. Acreditamos que chega a correr até 4 quilômetros, explicou.

Zoonoses doou 1.374 animais em 2010

A Secretaria da Saúde de Sorocaba, por meio da Seção de Controle de Zoonoses, informou que não tem um controle sobre o número de animais abandonados na cidade porque o recolhimento feito pela seção é realizado somente em casos de agressão, invasão comprovada a instituições públicas ou em locais em situações de risco, animais em estado de sofrimento e com suspeita de transmissão de doenças.

A Secretaria ainda ressaltou que o município possui um programa permanente de posse responsável. Além das atividades como as feiras de doação de animais e os mutirões de castrações, são realizadas ações educativas em escolas, feiras e eventos, com a distribuição de material informativo.

Dados parciais contabilizados até o mês de novembro, apontam que em 2010 o Centro de Castração registrou mais 1700 esterilizações de cães e gatos de famílias carentes. E, entre 1º de janeiro e 30 de dezembro do ano passado, a Zoonoses doou nas feirinhas de adoção e na Unidade de Controle Animal (UCA) 1.374 animais.

Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul

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