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CANADÁ

Colúmbia Britânica proíbe criação de martas para a indústria de peles

Após diversos surtos de Covid-19 em fazendas de pele de marta, a Colúmbia Britânica encerrará todas as atividades de criação de peles de marta até 2025.

18 de novembro de 2021
Henrique Delgado do Amaral e Silva | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

A Colúmbia Britânica anunciou a descontinuação permanente de sua indústria de criação de peles de marta. A nova diretriz proíbe a criação da espécie, assim como sua procriação e a venda de suas peles. O processo significa que até abril de 2023 será proibida a criação de martas vivas em fazendas, e até 2025 todas as atividades da indústria estarão encerradas por completo, incluindo a venda de peles de marta. Atualmente há nove fazendas de marta em operação na província.

A decisão vem em resposta ao risco de saúde pública da Covid-19 em fazendas de marta. Dados do Centro de Controle de Doenças da Colúmbia Britânica (British Columbia Centre for Disease Control) constataram o potencial de mutação do novo coronavírus em martas e sua transmissão de volta aos seres humanos, além da possibilidade das mutações impactarem a eficácia das vacinas.

“Esta decisão segue as recomendações de oficiais de saúde pública e especialistas de doenças infecciosas quanto ao controle de propagação do vírus a trabalhadores de fazendas e o público maior”, Lana Popham, Ministra de Agricultura, Alimentos e Pescarias, explica em depoimento. “Nosso governo trabalhará com os fazendeiros e trabalhadores afetados para ajudá-los a buscar outras oportunidades agrárias ou profissionais para que continuem a sustentar suas famílias.”

Martas dão teste positivo de Covid-19

Anteriormente este ano, martas e trabalhadores de várias fazendas de marta na Colúmbia Britânica deram resultado positivo ao teste de Covid-19. Houve, também, um incidente no qual martas infectadas escaparam de um ambiente de quarentena, trazendo à tona a possibilidade de transmissão do vírus a animais selvagens. Em resposta aos incidentes, o oficial de saúde provincial impôs restrições às fazendas, incluindo a suspensão de quaisquer novas fazendas de martas e um limite à quantidade de animais nas fazendas já existentes.

Desde então, oficiais de saúde pública vêm a questionar se deve-se permitir o contínuo das atividades de procriação das fazendas. Entre os riscos envolvidos estão os persistentes casos de martas e trabalhadores infectados nas fazendas e o risco de transmissão do vírus ao público; a possibilidade da altamente transmissível variante Delta se instalar nas fazendas de martas; e a possível transmissão de Covid-19 das martas fugitivas aos animais selvagens, que também podem tornar-se um risco à saúde pública.

Proibição de peles salva vidas de animais

Além de proteger a saúde pública, a monumental decisão de proibir a criação de martas na Colúmbia Britânica também salvará centenas de milhares de animais de uma vida de sofrimento. “A criação de martas é excepcionalmente cruel, colocando em cativeiro intensivo animais selvagens semiaquáticos altamente inteligentes, e privando-os das mais básicas necessidades”, diz Rebecca Aldworth, diretora executiva da Sociedade Humanitária Internacional/Canadense (Humane Society International/Canada) em depoimento. “A pandemia de Covid-19 redefiniu nossa relação com os animais e nosso meio-ambiente, criando questionamentos sobre muitas práticas anteriormente aceitas. Ao responsabilizar-se pela proteção tanto de seres humanos quanto martas, o governo da Colúmbia Britânica demonstra extraordinária liderança e dá um importante exemplo a ser seguido pelo resto da nação.”

Além do anúncio da descontinuação da indústria de criação de peles de marta, o governo da Colúmbia Britânica salienta que apoiará fazendeiros e trabalhadores para que encontrem novas chances de trabalho tanto no setor de agricultura quanto em outros setores e carreiras. Os fazendeiros também terão direito a benefícios de programas já existentes de proteção de renda financiados pelo governo para auxiliá-los no processo de mudança de carreira.

Covid-19 afeta fazendas de marta em todo o mundo

Ao longo dos últimos 18 meses, foram encontradas martas em quase 450 fazendas de pele de marta ao redor de 12 países com infecção por Covid-19, levando a abatimentos em massa de milhões de martas. Alguns destes países também foram aconselhados a suspender temporariamente a criação de peles de marta para tentar evitar o alastramento do vírus. Na Dinamarca, uma variante do vírus causada por mutação foi passada de martas de criação para humanos, e o primeiro-ministro do país ordenou o abatimento de todas as martas em fazendas de criação na tentativa de conter a propagação do vírus. A Suécia também suspendeu a criação de peles de martas por todo o ano de 2021 para deter a propagação do vírus após o mesmo ser encontrado em 13 das quase 40 fazendas de marta do país.

Nos Estados Unidos, houve uma série de casos de Covid-19 em fazendas de marta em Óregon, Utah, e Michigan, com um caso de fuga de uma marta de uma fazenda em quarentena, como ocorreu na Colúmbia Britânica. Em julho, foi introduzida uma proposta bipartidária na Câmara de Representantes que proibiria a criação de pele de marta no país na tentativa de evitar possíveis mutações do vírus. O projeto de lei, introduzido pelas representantes Rosa DeLauro (D-Conn) e Nancy Mace (R-SC), proibiria a importação, exportação, transporte, venda, e compra de martas nos Estados Unidos.

A Colúmbia Britânica é a mais nova integrante de uma crescente lista de nações e territórios — incluindo Reino Unido, França, Luxemburgo, Eslováquia, e os Países Baixos — que tomaram atitudes decisivas para dar fim à criação de peles de forma geral devido a sérias preocupações de saúde pública e bem-estar animal.

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